Astrônomos e linguistas planejam elaborar um “idioma geral” especial para a humanidade, capaz de ser compreendido por extraterrestres. Os primeiros passos dados para a criação do novo idioma foram expostos na conferência METI em Los Angeles.
“Noam Chomsky muitas vezes disse que se um marciano caísse na Terra, ele pensaria que falamos em vários dialetos de um mesmo idioma. A razão é simples — todos os idiomas terrestres têm uma estrutura geral e história única. Surge uma pergunta — se extraterrestres falam, seria seu idioma parecido aos nossos dialetos?”, declarou Dough Vakoch, presidente do programa Active SETI.
Ao longo de mais de um meio século, astrônomos do Instituto norte-americano de Busca de Civilizações Extraterrestres SETI e colegas por todo o mundo tentam encontrar vida fora da Terra ouvindo sinais de rádio, que chegam de vários cantos da galáxia. Por enquanto, não conseguiram detectar uma vida racional ou não racional, mas, de acordo com avaliações de representantes da NASA e SETI, este problema pode ser resolvido muito em breve — daqui a dez ou 20 anos.
Em 56 anos de trabalho, os astrônomos do SETI não conseguiram encontrar vestígios precisos de civilizações extraterrestres… com uma exceção contraditória: o “sinal Wow!” que foi capturado pelo radiotelescópio Grande Orelha em 1977. Nos anos posteriores, os astrônomos não conseguiram encontrar mais uma vez a fonte do sinal na constelação de Arqueiro, o que levou os cientistas a considerá-lo reflexo das ondas de rádio da Terra do lixo espacial.
As constantes falhas incentivaram Vakoch, um dos participantes do SETI, a tentar resolver o problema “com um método oposto” e a organizar o projeto METI, ou Active SETI. Em seu âmbito, os cientistas planejam preparar e enviar ao espaço mensagens sobre onde está localizada a Terra, uma explicação sobre terráqueos e como é possível chegar até nós, com orientação das estrelas e outros corpos celestes da galáxia.
A falta de sucesso do SETI, bem como do METI, impulsionaram Vakoch e seus colegas a pensar em duas coisas — será que temos real noção do que estamos procurando e será que os extraterrestres entendem nossos sinais? Os sons da fala humana e os nossos sinais de rádio podem parecer loucura para eles, que passam despercebidos como “barulho do espaço”.
Entre 26 e 27 de maio, foi realizado encontro entre Vakoch, outros participantes do METI e os principais linguistas do mundo para discutir a possibilidade da cooperação conjunta entre astrônomos, linguistas e matemáticos na criação de um idioma para comunicação universal, que seria compreensível a potencias alienígenas e seria usado para decifrar mensagens extraterrestres.
Não é a primeira vez que alguém tenta criar um novo idioma, mas todas as construções tiveram o mesmo ponto negativo — são pouco “compreensíveis” até mesmo para as pessoas que não participaram da criação. Normalmente, conceitos abstratos, tais como o número Pi ou caracteres de figuras geométricas, não causaram problemas na “decifração” do idioma, mas ideias mais complexas e sua aplicação à realidade eram incompreensíveis aos voluntários.
Esse problema, de acordo com Chomsky e muitos outros linguistas que participaram da reunião, é totalmente superável — segundo brincou um cientista famoso, “o idioma marciano, em geral, não deve ser muito diferente do idioma universal das pessoas”. O problema é que os linguistas não encontraram uma ideia bastante “geral” para a sua criação.
Mas “o que falta” pode ser encontrado de duas formas: analisando as leis físicas, gerais para nós e para os extraterrestres, e reunindo opiniões de mais pessoas, além dos pensamentos de cientistas.
De acordo com Sheri Wells-Jensen, linguista da universidade Bowling Green, EUA, em breve, o METI deve lançar o projeto “de rede” de grande escala, no âmbito do qual os internautas poderão ajudar os cientistas a criar uma “fórmula” universal para a criação do novo idioma.