Um levantamento feito pela KBB (Kelley Blue Book), empresa de avaliação de veículos e pesquisa automotiva, a pedido da CNN, mostra que o preço dos carros populares no Brasil aumentou mais de 200% em 10 anos.
Segundo a pesquisa, o valor médio dos 10 modelos mais vendidos no país em 2011 era de R$ 34.500. Em 2021, esse valor saltou para R$ 104.500, uma alta de 202,9%. O aumento foi muito superior à inflação do período, que foi de 76,3%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Entre os modelos analisados, o que teve o maior aumento de preço foi o Chevrolet Onix, que passou de R$ 29.990 em 2011 para R$ 93.590 em 2021, uma variação de 212%. Em seguida, aparecem o Volkswagen Gol, que subiu de R$ 34.000 para R$ 68.300 (100%), e o Fiat Uno, que foi de R$ 28.000 para R$ 55.900 (99%).
Os motivos para essa disparada nos preços são vários: a desvalorização do real frente ao dólar, que encarece as peças importadas; a escassez de componentes eletrônicos, que afeta a produção das montadoras; a maior demanda por carros novos durante a pandemia, que reduz os estoques e aumenta o poder de barganha das concessionárias; e a incorporação de novas tecnologias e itens de segurança nos veículos.
O resultado é que os carros populares estão ficando cada vez mais distantes do bolso do consumidor médio brasileiro. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a relação entre o preço médio dos carros novos e a renda média da população passou de 23 meses em 2011 para 54 meses em 2020.
Isso significa que um brasileiro precisaria trabalhar mais de quatro anos sem gastar nada para comprar um carro novo à vista. Para quem depende de financiamento, as condições também não são favoráveis: os juros estão em alta e os prazos estão mais curtos.
Diante desse cenário, muitos consumidores estão optando por adiar a compra do carro novo ou buscar alternativas no mercado de usados ou seminovos. Outros estão recorrendo a modalidades como aluguel ou assinatura de veículos, que oferecem mais flexibilidade e menos custos.