Você já teve a sensação de sair do seu corpo e se ver de fora?
Essa é uma experiência fora do corpo (EFC), um fenômeno que intriga cientistas e leigos há séculos. Mas o que causa essa sensação e o que ela revela sobre o nosso senso de identidade?
As EFCs são parte do nosso senso de identidade, que é formado por vários processos cognitivos que podem ser alterados por diferentes fatores. As EFCs costumam ocorrer quando há uma transição entre diferentes estados de consciência, como quando estamos sob anestesia, acordando do sono ou tendo uma experiência de quase morte.
As EFCs são provocadas pela estimulação de regiões específicas do cérebro, como o precuneus anterior (aPCu), que integra informações sensoriais relacionadas ao corpo, à visão e ao equilíbrio e orientação espacial. Um estudo recente de Josef Parvizi, um neurocientista da Universidade de Stanford, quis saber quais regiões do cérebro estavam envolvidas na indução das EFCs, esperando obter novas percepções sobre a complexa construção do nosso senso de identidade.
O estudo de Parvizi e sua equipe trabalhou com nove pacientes epilépticos que tinham eletrodos implantados no cérebro para monitorar suas crises. Eles estimularam eletricamente diferentes áreas do cérebro e descobriram que a estimulação do aPCu causava EFCs em três dos pacientes. Esses pacientes relataram que se sentiam flutuando acima de seus corpos, vendo-se de uma perspectiva externa.
As EFCs são um fenômeno controverso e ainda não há uma explicação científica definitiva para elas. Alguns pesquisadores acreditam que elas sejam uma forma de alucinação ou ilusão, enquanto outros sugerem que elas possam ser evidências de uma consciência não localizada no corpo. As EFCs podem ter efeitos positivos ou negativos nas pessoas que as vivenciam. Algumas pessoas relatam que as EFCs aumentam seu bem-estar, autoestima e espiritualidade, enquanto outras sofrem de ansiedade, medo ou confusão. As EFCs também podem ser usadas como uma ferramenta terapêutica para tratar fobias, dor crônica ou transtorno de estresse pós-traumático.
As EFCs são um desafio para a ciência e para a nossa compreensão de quem somos. Elas mostram que o nosso senso de identidade não é algo fixo e imutável, mas sim uma construção dinâmica e flexível, que depende da interação entre o cérebro, o corpo e o ambiente. As EFCs nos convidam a questionar os limites entre o eu e o outro, entre o real e o imaginário, entre a vida e a morte.
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