Nas ruas de Erevan, no Parlamento e mesmo no metrô da capital da Armênia, personalidades conhecidas e anônimos marcharam nesta terça-feira (2) para prestar homenagem ao “menino do país”, o cantor francês Charles Aznavour. O artista morreu na segunda-feira (1) aos 94 anos, na França.
Na praça que leva seu nome no centro de Erevan, moradores, estudantes da universidade francesa e diversas personalidades da Armênia deixaram flores e velas, além de palavras num livro de condolências. “Muitas pessoas adoram Aznavour e sua música, mesmo que eles não falem uma palavra de francês. A música de Charles entra no coração e na alma das pessoas”, disse à AFP a estudante Marina Sarkissian.
A morte do músico provocou uma verdadeira onda de choque na Armênia, de onde vinha a família do cantor. Tanto nos bistrôs quanto nas lojas de Erevan, as canções do “filho do povo armênio” foram tocadas repetidamente.
“Há tanta tristeza nos olhos de todos os que entram nas lojas hoje. Estamos em choque porque acreditávamos na promessa de que ele comemoraria seus cem anos aqui, conosco, com um grande show”, afirmou a vendedora Armine Baïatian. A música de Aznavou também será ouvida nas estações de metrô de Erevan, segundo o porta-voz da rede de transporte público, Tatiev Khatcharian. O parlamento armênio também dedicou ao cantor um minuto de silêncio nesta terça-feira.
Num comunicado oficial, o presidente do país, Armen Sarkissian, estimou que a humanidade perdeu uma das “almas mais sensíveis do século XX”. O primeiro-ministro armênio, Nikol Pachinian, lamentou na segunda-feira uma “perda enorme para todo o mundo”, parabenizando alguém que, “durante 80 anos maravilhosos, esquentou o coração de dezenas, centenas de milhões de pessoas”.
Charles Aznavour era um dos representantes mais simbólicos da diáspora da Armênia, o país de seus pais, com o qual ele manteve relações estreitas durante toda sua via. “Sou talvez o mais francês de todos os armênios do mundo, mas sou orgulhoso de minha Armênia e jamais o esconderei”, disse Azvanour.
Família se opõe à uma homenagem nacional
Na França, a família de Charles Aznavour se opõe à organização de uma homenagem nacional, alegando respeito à vontade do artista, de acordo com a rádio francesa RTL. Para o site de notícias Huffington Post, a afirmação corresponde à vontade do cantor, manifesta em entrevistas. “A posteridade? É para os pintores, os escultores e os arquitetos”, afirmou o artista.
O ex-presidente François Hollande e vários parlamentares evocaram a ideia de uma homenagem nacional, mas a decisão final fica por conta da família. Em dezembro do ano passado, o cantor de rock Johnny Hallyday teve direito a uma “homenagem popular”, que reuniu centenas de pessoas em Paris.