Biólogos moleculares, usando guia de remédios vegetais dos médicos do exército dos Estados Confederados da América, conseguiram encontrar um tônico natural que é capaz de combater até mesmo colônias de superbactérias, de acordo com estudo publicado na revista Scientific Reports.
“Eu sempre me interessei pela história dessa guerra. Eu tenho certeza absoluta que devemos estudar totalmente nosso passado e tirar todo o máximo das descobertas de nossos antepassados. Espero sermos capazes de prosseguirmos com os testes dessas moléculas em nossos modelos mundialmente renomados de infecção bacteriana”, afirmou o coautor do estudo, Daniel Zurawski, da Universidade Emory (EUA).
Ultimamente a ameaça de superbactérias resistentes a antibióticos tem aumentando, entre as quais se destacam Staphilococcus aureus (causadora de sepse a infecção generalizada) e Klebsiella pneumoniae (que causa pneumonia e infecções urinárias), surgindo perigo da perda de efeito de antibióticos, o que levaria nossa medicina de volta à época medieval.
A resistência de bactérias fez com que cientistas começassem a elaborar novos medicamentos, e a recorrer a substâncias com um princípio de ação diferente. É aí que entra a Guerra de Secessão, que deixou um guia de remédios vegetais valioso.
No auge da Guerra de Secessão, o cirurgião-geral da Confederação encomendou um guia de remédios vegetais tradicionais do Sul, já que os médicos do campo de batalha enfrentavam altas taxas de infecções entre os feridos e escassez de remédios convencionais. Das plantas da lista, três chamaram atenção dos cientistas do estudo: carvalho-branco, tulipeiro e aralia.
Quando pesquisadores começaram a analisar o guia, a atenção deles foi toda para um antisséptico que foi descrito no guia como um tônico usado para prevenir “mortificação da carne” e que era uma mistura das três plantas citadas acima. A substância não aniquila micróbios, mas os impede de se adaptar às condições de um novo meio e de formar biofilmes, que podem servir de barreiras contra antibióticos.
Por isso a equipe de cientistas decidiu reconstruir o tônico e provar a eficiência dele contra bactérias e superbactérias.
A aplicação do tônico conseguiu conter a proliferação de superbactérias, até mesmo das que são mais resistentes a antibióticos, além de impedir que os invasores coordenassem as atividades, aumentando, assim, a imunidade contra organismos invasores.
Pesquisadores ainda não sabem como os componentes desse tônico afetam as bactérias. Contudo, já separaram algumas dezenas de moléculas do carvalho-branco que podem ser as responsáveis pela inibição da proliferação dos organismos invasores. Os estudos continuarão sendo realizados.