Você já se perguntou como seria ver a Via Láctea de perto? Se você pudesse viajar pelo espaço e observar nossa galáxia, você notaria algo curioso: algumas nebulosas planetárias – nuvens de gás e poeira que se formam quando as estrelas morrem – estão alinhadas com o plano galáctico, como pinos de boliche em uma…
Mas por que isso acontece? E o que isso nos diz sobre a história da nossa galáxia?
Neste post, vamos explorar essas questões e apresentar os resultados de um novo estudo que tenta resolver esse mistério cósmico.
O que são nebulosas planetárias?
Nebulosas planetárias são um dos fenômenos mais bonitos e fascinantes do universo. Elas se formam quando as estrelas de baixa e média massa, como o nosso Sol, chegam ao fim de suas vidas e expulsam suas camadas externas. Essas camadas brilham com cores vibrantes à medida que são ionizadas pela radiação da estrela central, que se torna uma anã branca.
Existem cerca de 3.000 nebulosas planetárias conhecidas na Via Láctea, e elas têm formas e tamanhos variados. Algumas são esféricas, outras são elípticas, e outras ainda são bipolares, ou seja, têm dois lóbulos simétricos que se estendem dos polos da estrela. As nebulosas planetárias duram apenas alguns milhares de anos, o que é um piscar de olhos em termos astronômicos.
O mistério dos pinos de boliche
Em 2013, um estudante de doutorado da Universidade de Manchester, Bryan Rees, fez uma descoberta surpreendente: algumas nebulosas planetárias perto do bojo galáctico – a seção central da Via Láctea lotada de estrelas, gás e poeira – se alinham com o plano galáctico de uma maneira que a NASA já chamou de “pinos de boliche em uma pista”.
Rees e seu orientador, Albert Zijlstra, analisaram 130 nebulosas planetárias no bojo e encontraram 12 que tinham um alinhamento incomum. Essas 12 nebulosas tinham seus eixos apontando na mesma direção do plano galáctico, com uma margem de erro de apenas 3 graus. Isso é muito improvável de acontecer por acaso, já que as nebulosas deveriam ter orientações aleatórias.
A descoberta intrigou os astrônomos, que tentaram explicar como esse alinhamento poderia ter ocorrido. Uma hipótese era que as nebulosas fossem influenciadas pelos campos magnéticos do bojo, que poderiam torcer seus eixos ao longo do tempo. Outra possibilidade era que as nebulosas fossem formadas por sistemas binários de estrelas, onde duas estrelas orbitam uma ao redor da outra, e que esses sistemas tivessem algum mecanismo para se alinhar com o plano galáctico.
A resposta dos sistemas binários
Um novo estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society parece confirmar a segunda hipótese. Os pesquisadores usaram dados do telescópio espacial Hubble e do telescópio terrestre Very Large Telescope para examinar mais detalhadamente as 12 nebulosas planetárias alinhadas. Eles descobriram que todas elas são nebulosas planetárias binárias, ou seja, produzidas por sistemas binários de estrelas.
Além disso, 80% delas são nebulosas bipolares, o que significa que suas estrelas ejetam gás de dois polos, em forma de ampulheta. Essas nebulosas têm formas mais complexas e assimétricas do que as nebulosas esféricas ou elípticas, e são mais raras. Os pesquisadores estimam que apenas 10% das nebulosas planetárias na Via Láctea são bipolares.
O estudo propõe que o alinhamento aconteceu muito cedo na vida do sistema binário, antes que as nebulosas se formassem. Isso significa que as estrelas binárias devem ter algum mecanismo para se alinhar com o plano galáctico, mas qual seria esse mecanismo ainda é um mistério.
Um dos coautores do estudo, Quentin Parker, professor da Universidade de Hong Kong, sugeriu que o movimento orbital rápido das estrelas binárias era responsável. “As estrelas binárias giram em torno uma da outra em menos de um dia, e esses giros rápidos fazem com que elas se alinhem com o plano galáctico”, disse ele em um comunicado à imprensa.
Seja qual for a causa, ela deve ser capaz de exercer uma influência constante e controlada ao longo de bilhões de anos, disseram os pesquisadores. Eles calcularam se os campos magnéticos atuais no bojo poderiam ter alinhado as nebulosas, mas a força não era suficiente. A configuração dos pinos de boliche deve ter sido “congelada” no passado, diz o artigo.
A importância da descoberta
A descoberta dos pinos de boliche cósmicos tem implicações importantes para a compreensão da nossa galáxia e da formação das nebulosas planetárias. Ela mostra que as estrelas binárias são mais comuns do que se pensava, e que elas têm um papel fundamental na evolução das nebulosas planetárias. Ela também revela que o bojo galáctico tem uma estrutura e uma história mais complexas do que se imaginava.
Os pesquisadores esperam que mais observações possam esclarecer o mistério dos pinos de boliche e fornecer mais informações sobre a dinâmica do bojo. Eles também querem saber se esse fenômeno é exclusivo da Via Láctea ou se ele ocorre em outras galáxias.
Enquanto isso, podemos admirar as belas imagens das nebulosas planetárias alinhadas e nos maravilhar com a diversidade e a beleza do universo.
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