Uma nova descoberta científica pode mudar a forma como entendemos a origem e a distribuição da água na superfície da Lua.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, encontrou evidências de que os elétrons de alta energia da camada de plasma da Terra podem contribuir para a formação de água na Lua, além do vento solar, que é a fonte mais conhecida.
A camada de plasma da Terra é uma região do espaço onde os elétrons e os íons são acelerados pelo campo magnético terrestre. Essa região se estende por milhões de quilômetros e forma uma cauda magnética que aponta para o lado oposto ao Sol. Quando a Lua passa por essa cauda, ela fica exposta aos elétrons energéticos que podem interagir com os átomos de oxigênio presentes no solo lunar e formar moléculas de água (H2O) ou hidroxila (OH).
A descoberta pode ajudar a entender a origem do gelo de água nas regiões lunares permanentemente sombreadas, que são consideradas potenciais locais para uma futura exploração humana. Essas regiões, localizadas nos polos da Lua, podem conter até 15% de água em sua superfície, segundo estimativas. A possibilidade da Lua fornecer recursos hídricos para os astronautas é um dos principais objetivos da missão Artemis, da NASA, que pretende levar a primeira mulher e o próximo homem à Lua até 2024.
Os pesquisadores analisaram dados de sensoriamento remoto coletados pelo instrumento Moon Mineralogy Mapper, a bordo da missão Chandrayaan 1, da Índia, que orbitou a Lua entre 2008 e 2009. Eles observaram que a formação de água na cauda magnética da Terra é quase idêntica à época em que a Lua estava fora da cauda magnética, indicando que os elétrons terrestres têm um papel importante nesse processo.
Os pesquisadores pretendem realizar uma missão lunar para monitorar o ambiente de plasma e o conteúdo de água na superfície polar lunar quando a Lua passa por diferentes fases durante a travessia da cauda magnética da Terra. Eles esperam que essa missão possa fornecer mais informações sobre os mecanismos físicos e químicos envolvidos na formação de água na Lua e suas implicações para a ciência e a exploração lunar.