Em busca de entender o potencial de vida além da Terra, os pesquisadores estão ampliando sua busca para abranger não apenas marcadores biológicos, mas também tecnológicos.
Enquanto os astrobiólogos reconhecem há muito tempo a importância do oxigênio para a vida como a conhecemos, o oxigênio também pode ser uma chave para desbloquear a tecnologia avançada em escala planetária.
Em um novo estudo publicado na revista Nature Astronomy, Adam Frank, professor de Física e Astronomia da Universidade de Rochester e autor do livro The Little Book of Aliens (Harper, 2023), e Amedeo Balbi, professor associado de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Roma Tor Vergata, Itália, traçam as ligações entre o oxigênio atmosférico e o potencial surgimento de tecnologia avançada em planetas distantes.
“Nós estamos prontos para encontrar sinais de vida em mundos alienígenas”, diz Frank. “Mas como as condições em um planeta nos dizem sobre as possibilidades de vida inteligente, produtora de tecnologia?”
“Em nosso artigo, nós exploramos se alguma composição atmosférica seria compatível com a presença de tecnologia avançada”, diz Balbi. “Nós descobrimos que os requisitos atmosféricos podem ser bastante rigorosos.”
O oxigênio e o fogo
Frank e Balbi propõem que, além de sua necessidade para a vida, o oxigênio é crucial para desenvolver o fogo, um marco de uma civilização tecnológica. Eles exploram o conceito de “tecnosferas”, reinos expansivos de tecnologia avançada que emitem sinais reveladores – chamados de “tecnossinaturas” – de inteligência extraterrestre.
Na Terra, o desenvolvimento da tecnologia exigiu acesso fácil à combustão ao ar livre, o processo no coração do fogo, em que algo é queimado combinando um combustível e um oxidante, geralmente oxigênio. Seja para cozinhar, forjar metais para estruturas, fabricar materiais para casas ou aproveitar a energia através da queima de combustíveis, a combustão tem sido fundamental para o avanço da humanidade.
O oxigênio e a tecnologia
Os autores argumentam que a falta de oxigênio na atmosfera de um planeta enfraqueceria o caso para a origem artificial de um sinal anômalo, pois tornaria menos provável que uma civilização tecnológica se desenvolvesse em tal planeta. Eles sugerem que os astrônomos que procuram sinais de civilizações alienígenas de alta tecnologia devem concentrar seus esforços em planetas com atmosferas ricas em oxigênio.
“O oxigênio é um indicador de vida, mas também de tecnologia”, diz Frank. “Se você quiser encontrar uma civilização que possa construir naves espaciais, telescópios ou rádios, você precisa de um planeta com oxigênio suficiente para sustentar o fogo.”
No entanto, os autores reconhecem que sua hipótese é baseada em uma amostra de um: a Terra. Eles admitem que pode haver outras formas de tecnologia que não dependem do oxigênio ou da combustão, mas que são desconhecidas para nós. Eles também alertam que o oxigênio não é uma garantia de tecnologia, pois pode existir em planetas com vida simples ou sem vida.
“Nosso trabalho é uma tentativa de expandir o escopo da busca por vida inteligente no universo”, diz Balbi. “Nós esperamos que ele estimule mais discussões e investigações sobre esse tema fascinante.”