Toda célula precisa produzir proteínas para funcionar, e o processo de fabricação de proteínas começa com uma molécula chamada mRNA (RNA mensageiro).
O mRNA é uma espécie de “cópia” do DNA que contém as instruções para construir proteínas. Essas instruções são lidas por máquinas celulares chamadas ribossomos, que montam as proteínas necessárias.
Quanto mais tempo o mRNA durar na célula, mais proteína ele vai produzir; se ele for degradado rapidamente, menos proteína será feita.
O controle da quantidade de mRNA é fundamental para a produção de proteínas. Proteínas específicas e complexos moleculares ajudam a degradar o mRNA quando ele não é mais necessário. Um desses complexos é o CCR4-NOT, que destrói o mRNA ao remover partes essenciais dele.
Recentemente, cientistas descobriram que os tRNAs — que normalmente ajudam a traduzir o mRNA em proteínas, trazendo os aminoácidos certos para os ribossomos — também têm um papel na degradação do mRNA.
Os tRNAs geralmente “leem” o mRNA em blocos de três letras chamados códons e trazem os aminoácidos necessários para construir proteínas. No entanto, o estudo mostrou que certos tRNAs de arginina também ajudam a decidir se o mRNA deve ser degradado. Quando esses tRNAs encontram códons específicos de arginina (CGG, CGA, AGG), eles recrutam o complexo CCR4-NOT, que inicia a degradação do mRNA, reduzindo a produção de proteínas.
Essa degradação ocorre especialmente quando o ribossomo encontra códons “difíceis de ler” — os códons não ótimos —, o que faz o ribossomo pausar. Durante essa pausa, o CCR4-NOT pode se ligar e começar a destruir o mRNA.
A estrutura única de certos tRNAs de arginina permite que eles facilitem essa ligação com o CCR4-NOT, acelerando a degradação do mRNA. Outros tRNAs, que não têm essa estrutura, bloqueiam o acesso do CCR4-NOT, permitindo que o mRNA continue produzindo proteínas.
Essa descoberta revela que os tRNAs são mais do que simples “ajudantes” na construção de proteínas. Eles também regulam a destruição do mRNA, decidindo quanto de uma proteína será produzida, o que é essencial para o bom funcionamento celular. Essa nova função pode ajudar a entender melhor como a célula regula a produção de proteínas e pode ser importante para pesquisas sobre doenças como câncer e distúrbios metabólicos.
Os tRNAs desempenham um papel crucial tanto na construção quanto na destruição de mensagens genéticas, mostrando que pequenas moléculas podem ter grandes impactos no funcionamento da célula.
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