Em um ano em que 27% dos senadores em exercício não irão tentar reeleição (G1), imaginava-se que a palavra que melhor descreveria as Eleições 2018 fosse “mudança”, certo? Errado! Alguns políticos irão mesmo buscar novos ares, mas os partidos estão apostando em mais do mesmo, com predileção aos candidatos masculinos.
49% dos partidos não vão lançar mulheres ao Senado em 2018. Dos 38 partidos que lançaram pré-candidatos até o momento, 19 não lançaram candidaturas femininas. São eles: União Democrática Nacional (UDM), Solidariedade, Partido Verde (PV), Partido Trabalhista Cristão (PTC), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Social Cristão (PSC), Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Partido Republicano Progressista (PRP), Partido de Reedificação da Ordem Nacional(PRONA), Partido Republicano Brasileiro (PRB), Partido Pátria Livre (PPL), PODEMOS, Partido da Mobilização Nacional (PMN), Partido da Mulher Brasileira (PMB), Patriotaa, Novo, Democratas (DEM), Democracia Cristã (DC) e Avante.
Dando mais do que nomes aos bois, tem-se que os partidos com viés de direita se destacam negativamente por estamparem a falta de representatividade feminina na disparidade dos números. O DEM lançou 11 homens e zero mulher. O PSDB lançou apenas uma pré-candidata ao Senado, enquanto 24 possíveis candidatos foram escalados e o MDB copiou quase o mesmo esquema lançando 20 homens e 2 mulheres.
Em contrapartida, – e diferenciando-se até mesmo de outros partidos de esquerda – o PSOL lidera isoladamente com o maior número de pré-candidatas ao Senado, somando 8 mulheres.
Pisando ainda mais no quesito representatividade, o PSOL se destaca também por lançar a primeira mulher trans como candidata ao Senado no Brasil. A professora Duda Salabert, 36 anos, é filiada ao PSOL de Minas Gerais e tem como bandeira mais do que a luta por igualdade de gênero, ao prezar por educação.
“Antes de militar como mulher trans, eu milito pela educação há mais de vinte anos”, afirmou a candidata em entrevista ao Uol, além de apontar como sua principal proposta o perdão da dívida do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).
Vale lembrar que a principal função do Senado é propor novas leis, normas e alterações na Constituição, além de atuar como uma câmara revisora das propostas e projetos que já foram votados na Câmara dos Deputados. Os políticos eleitos possuem 8 anos de mandato, mas as eleições também ocorrem de 4 em 4 anos. Assim, a cada eleição, a Casa renova, alternadamente, um terço e dois terços de suas 81 cadeiras. Nesta equação, em 2018, temos 54 vagas ao Senado, podendo cada estado eleger dois políticos.
Diante do exposto e do que já é sabido e mantido, fica cada vez mais frustrante sonhar com mais direitos às mulheres e ganho nas causas feministas. O nosso futuro segue com mais leis criadas por homens e para homens, mesmo as mulheres representando pouco mais da metade da população brasileira (51,5%). No último pleito nos foram concedidas 12 cadeiras no Senado, o que irá mudar, pelo visto, para números ainda menores.