O presidente Michel Temer pretende abordar amanhã (25) a questão do êxodo de venezuelanos nas Américas durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA). No discurso, ele deve ressaltar a preocupação do governo brasileiro no acolhimento adequado e tratamento humanitário aos imigrantes.
Temer deverá recordar que o Brasil se destacou ao longo da história no apoio e na proteção internacional dos refugiados. Foi o primeiro país do Cone Sul que ratificou a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, no ano de 1960.
O presidente lembrará também que o Brasil foi um dos primeiros países integrantes do Comitê Executivo da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). É o comitê que aprova os programas e orçamentos anuais da agência.
A discussão ocorre no momento em que venezuelanos deixam seu país em busca de melhores condições de vida nas nações vizinhas. Brasil, Colômbia, Equador e Peru são os locais mais procurados por eles. A partir desta procura, houve momento de tensão por onde chegavam os imigrantes.
Medidas
Porém, o presidente quer destacar que no Brasil, a preocupação é garantir a proteção e dar perspectivas aos cerca de 600 a 800 venezuelanos que ingressam por dia no país via Roraima. O governo brasileiro adotou uma série de medidas em busca de solucionar os impasses que envolvem a questão.
Foram instalados abrigos para receber as famílias de imigrantes. Há um programa de transferência dos venezuelanos para vários estados em uma das ações da Operação Acolhida, iniciada pelo governo federal, em parceria com o Acnur, entidades da sociedade civil e prefeituras.
Segundo o governo, a interiorização ocorre apenas de modo voluntário e todos os venezuelanos são vacinados, fizeram exames de saúde e estão com a situação regularizada no Brasil. Além de CPF, eles possuem carteira de trabalho.
Tensões
A presença dos venezuelanos em Roraima causou alguns momentos de tensão. A governadora do estado, Suely Campos (PP), recorreu à Justiça para tentar fechar a fronteira com a Venezuela, na tentativa de impedir o ingresso dos imigrantes. A iniciativa foi vetada pelo Judiciário e também teve a oposição do governo federal.
Em meio às controvérsias, moradores de Pacaraima, no mês passado, atearam fogo contra barracas de lonas de venezuelanos que ocupavam ruas na cidade. Segundo os moradores, houve um assalto e os suspeitos eram imigrantes.
No Equador, o governo passou a exigir passaporte dos imigrantes para entrada no país. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alega que há uma campanha internacional para difamar o governo e disse que vai repatriar os venezuelanos interessados em retornar ao país.
Por Agência Brasil.