Enquanto a história milenária do consumo de psicotrópicos, tais como o álcool e a cafeína, tem muitas provas arqueológicas, a análise química do conteúdo de um conjunto ritual com 1.000 anos permitiu provar que naquela época os nossos antepassados tomavam mesmo drogas, segundo a Academia das Ciências dos EUA.
Esta conclusão é fundamentada na análise química dos resíduos orgânicos encontrados nos utensílios de um consumidor de drogas datado de há 1.000 anos e descobertos numa gruta andina no sudoeste de Bolívia. Os instrumentos pertenciam aparentemente a um xamã ou a um traficante de drogas.
Vestígios de drogas encontrados em pacote ritual em Bolívia.
Segundo os cientistas, este exame revelou vestígios de substâncias psicoativas, especialmente cocaína e os principais ingredientes da ayahuasca, uma bebida tomada pelos xamãs da América do Sul para entrar em transe.
Os autores do artigo relatam que a presença no conjunto de resíduos de várias plantas provenientes de zonas ecologicamente diferentes e afastadas na América do Sul pressupõe que as plantas alucinógenas foram deslocadas a grandes distâncias e que as pessoas pré-colombianas que praticavam vários ritos possuíam um conhecimento muito profundo de botânica.
Bolsa de focinho de raposa contendo cocaína e outras drogas alucinógenas.
”Nossos resultados corroboram a ideia que as pessoas utilizavam plantas potentes há pelo menos 1.000 anos e as combinavam para ter uma viagem psicodélica e também que o consumo de ayahuasca pode ter raízes muito antigas”, acrescenta Melanie Miller, coautora do artigo.