Segundo o jornal espanhol, a carta foi escrita pelo rei Dom João II de Portugal, em 1493, que residia com sua corte em Lisboa. Já o destinatário era Fernando de Aragão, que na época estava com sua esposa, a rainha Isabel de Castela, em Barcelona.
“Chegou aqui com fortuna do mar ao nosso porto da nossa cidade de Lisboa o vosso Almirante, que estamos muito contentes em vê-lo”, o jornal La Razón cita uma parte da carta. Curiosamente, a carta não foi dirigida a ambos os reis católicos, mas apenas a Fernando.
Fragmento de carta testemunhando o sucesso do retorno de Cristóvão Colombo de sua expedição às “Índias”, encontrada no Arquivo Histórico da Nobreza, na Espanha. A carta estava entre os documentos de Rodrigo Arias Maldonado, no arquivo dos Condes de Villagonzalo, “porque ele, além de ser um dos fundadores da família, foi um dos conselheiros dos Reis Católicos”, afirmou a diretora do arquivo, Aránzazu Lafuente Urién. Em Castela, no século XV, não havia chancelaria nem auditoria, então os documentos eram guardados na corte.
Há chance de haver duas razões que impulsionaram Colombo a atracar em Lisboa e não em qualquer outro porto, como no Porto ou em Algarve: o navio poderia estar em péssimo estado ou Colombo queria mostrar ao rei de Portugal quão errado ele esteve em não financiar a expedição.
Segundo Lafuente, que trabalhou na decifração de uma mensagem escrita em português antigo, o texto expressava claramente o descontentamento de Dom João II. Aránzazu Lafuente Urién, diretora do Arquivo Histórico da Nobreza, indica que a carta, escrita em português antigo com letra gótica portuguesa, é “muito importante, porque existe pouca informação e é parcial, e qualquer que seja inédita e ajude a entender a época é bem-vinda”.
“Ainda mais se tem a ver com Colombo, que ainda segue sendo um personagem com mistério que atrai a atenção das pessoas”, adiciona a historiadora. Além do mais, no documento, percebe-se a “origem das controvérsias diplomáticas que depois serão consagradas no Tratado de Tordesilhas”, destaca. “Dá para notar que ele está irritado. Que o primeiro destino para onde foi Colombo ao regressar da viagem foi o nosso país vizinho, parecendo quase uma provocação”, reforça a historiadora, referindo-se a Dom João II.