A tecnologia digital tem um impacto ambiental invisível. Contudo, os pesquisadores sugerem que esse impacto pode ser muito grande.
“Crise climática: o uso insustentável do vídeo online”, um relatório publicado pelo grupo de reflexão francês The Shift Project, destaca que a pornografia representa 27% de todos os vídeos assistidos online.
Além disso, os vídeos online, uma das formas mais comuns de entretenimento na rede, geram alegadamente 60% do tráfego mundial de dados.
Em outras palavras, isso significa que são responsáveis por 300 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano (resultantes do consumo de energia), com a pornografia “emitindo” pouco menos de 100 milhões de toneladas.
“Assistir vídeos pornográficos no mundo produziu em 2018 emissões de carbono das mesmas proporções que as do setor residencial na França”, destacam os autores do estudo.
Enquanto isso, os serviços de vídeo sob demanda, como a Netflix ou a Amazon Prime, teriam produzido a mesma quantidade de emissões de gases de efeito estufa que toda a economia do Chile.
Estima-se que as tecnologias digitais estejam consumindo mais 9% de energia a cada ano e, ao que parece, a tendência é que a situação piore com a maior difusão de vídeos com resoluções cada vez maiores.
Os autores do estudo propõem a prática da “sobriedade digital” para reduzir a utilização e a dimensão dos vídeos.
“Do ponto de vista das alterações climáticas e outros limites planetários, não se trata de ser ‘a favor’ ou ‘contra’ a pornografia, telemedicina, Netflix ou e-mails: o desafio é evitar que um uso considerado precioso seja prejudicado pelo consumo excessivo de outro considerado menos essencial. Isso cria uma escolha social, a ser tomada coletivamente para evitar a imposição de restrições sobre nossos usos contra nossa vontade e às nossas custas”, escreveram os pesquisadores.