O equipamento foi lançado ao espaço no último dia 20, junto com o FloripaSat-1 e mais sete nanossatélites, do Centro de Lançamento de Taiyuan (TSLC), na China.
Em 31 anos de cooperação sino-brasileira no setor, o CBERS-4A é o sexto satélite desenvolvido por essa parceria e custou aos cofres brasileiros R$ 190 milhões. Em órbita, ele terá a missão de capturar imagens do desmatamento da Amazônia e fazer mapeamento de queimadas, dando 14 voltas por dia ao redor da Terra.
O lançamento do equipamento deveria ter acontecido em dezembro de 2018, mas teve que ser adiado devido a uma crise financeira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que participa do programa ao lado da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Coordenador-geral de Engenharia e Tecnologia Espacial do INPE, Marco Antônio Chamon explica que a família CBERS [série Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres] é formada por satélites de sensoriamento remoto, basicamente de observação da Terra, com aplicações no monitoramento de vegetação, de hidrologia e de cartografia.
No que diz respeito à Amazônia, o especialista afirma que o CBERS-4A ajudará principalmente no Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER), responsável pelos alertas semanais sobre potenciais focos de desmatamento.
“O CBERS que está em órbita, o CBERS-4, já faz esse trabalho. E o CBERS-4A vai se juntar a ele. Na verdade, já se juntou a ele. Nós temos dois satélites em órbita ao mesmo tempo, agora. Ele vai aumentar a nossa capacidade de observar a Amazônia”, disse ele em entrevista à Sputnik Brasil.
Chamon destaca que o novo satélite lançado por Brasil e China preserva algumas características do equipamento anterior mais algumas melhorias. Uma dessas melhorias se refere à precisão do conjunto de câmeras brasileiras acopladas a ele, capazes de obter imagens com maior resolução.
“Também no CBERS-4A, existe uma câmera, e essa é de responsabilidade chinesa, é uma só, que vê detalhes de alta resolução, detalhes da ordem de metros, dois metros na realidade. Então, nós temos, dentro do CBERS-4A, e isso é novo, a capacidade de olhar grandes áreas e também olhar, se a gente quiser, pequenos detalhes dentro dessas áreas.”
Além desse projeto, o funcionário do INPE sublinha que o Brasil já se prepara para lançar outro satélite, em 2020, provavelmente, na Índia. Será o Amazônia-1, totalmente brasileiro e um pouco menor do que o CBERS-4A (630 kg contra 1.800 kg).
“A diferença é que ele é um satélite totalmente brasileiro. Ele não tem participação de nenhum outro país nele. Fomos nós que projetamos, nós contratamos os equipamentos, nós mantemos o satélite… Ele vai ser lançado no segundo semestre do ano que vem.”
Para o longo prazo, o Brasil ainda trabalha na produção de outro satélite, científico, de aproximadamente 200 kg, para estudo da ionosfera. Atualmente, os cientistas consideram que seu lançamento pode ocorrer entre o final de 2023 e o início de 2024.