A Central Única das Favelas (Cufa) propôs uma lista de medidas para que o Poder Público garanta condições para que a população das favelas se proteja contra o coronavírus.Com sede no Rio de Janeiro, a organização não governamental destaca que a desigualdade social, o desemprego e a informalidade estão entre os problemas sociais que precisam ser considerados no combate à doença, que requer higiene pessoal e distanciamento social para sua prevenção.
A lista de 14 recomendações inclui desde a distribuição de materiais de higiene até a liberação de pontos de internet para que os moradores tenham acesso às informações sobre a doença. Para a ONG, as ações visam também a evitar um colapso do Sistema Único de Saúde (SUS), já que um crescimento muito acelerado de casos poderá exigir uma quantidade de leitos maior que a disponível nos estados e municípios.
Entre as medidas propostas pela Cufa também estão alugar hotéis e pousadas para idosos e grupos vulneráveis poderem se isolar da doença, subsidiar concessionárias de fornecimento de água, luz e gás para que as famílias que recebam até quatro salários mínimos fiquem isentas por 60 dias, e ampliar equipes de saúde da família nas favelas. A lista completa com as sugestões pode ser acessada nosite da Cufa.
A preocupação da Cufa também é compartilhada pelos parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio. Ontem (18), deputados estaduais dez aprovaram projetos relacionados ao coronavírus e um deles autoriza o governo do estado a requisitar propriedades privadas, como hotéis, pousadas e motéis, para viabilizar o cumprimento de quarentenas, isolamentos e demais tratamentos médicos. Segundo o projeto, os proprietários terão direito de receber pagamento posterior pela utilização do espaço.
A preocupação dos parlamentares é que as moradias diminutas, onde moram muitas pessoas da mesma família, não tenham espaço para garantir com segurança a quarentena dos infectados, que acabariam passando a doença para os demais parentes.
Ministério da Saúde
Procurado, o Ministério da Saúde disse que tem orientado insistentemente toda população sobre medidas de higiene básicas, como lavar as mãos e evitar aglomerações para reduzir o contágio pelo coronavírus. Além disso, a pasta tem recomendado a redução do contato social, para reduzir as chances de transmissão do vírus. O ministério acrescenta que já iniciou campanha publicitária em todos os meios com essas informações e disponibilizou o número telefônico 136 para o esclarecimento de dúvidas.
Entre outras ações, a pasta também lançou o aplicativo Corona-SUS, com informações sobre prevenção, mapa das unidades de saúde, e orientações sobre o que fazer em suspeita de infecção.
O governo federal vem respondendo à pandemia por meio do Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19, e, no âmbito do Ministério da Saúde, também foi instalado o Centro de Operações de Emergência (COE) – Coronavírus, para nortear uma resposta coordenada no SUS.
Rio de Janeiro
Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro disse que vem respondendo a um cenário dinâmico em que novas informações sobre o vírus ainda estão sendo descobertas e compartilhadas pela comunidade internacional. A secretaria recomenda que os moradores de comunidades evitem aglomerações em eventos culturais e também pediu a interrupção das visitas guiadas de turistas em favelas da capital.
A Secretaria Municipal de Saúde, por sua vez, informou ontem à Agência Brasilque as unidades de atenção básica intensificaram as orientações para a população atendida nas comunidades, reforçando a necessidade de evitar sair de casa e detalhando as formas de higiene pessoal e do ambiente.
“[Os profissionais] recomendam ainda a destinação de um local da casa para o familiar com suspeita de coronavírus. Se houver apenas um cômodo, a orientação é que pessoas infectadas devem tentar permanecer a pelo menos um metro de distância dos demais moradores”, diz a resposta enviada à reportagem.