Centenas de economistas alertaram o Congresso e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o agravamento da situação econômica. O país está prestes a cair em uma nova Grande Depressão?
Conforme a carta aberta enviada pelos economistas ao presidente dos EUA, a administração de Trump está atualmente cometendo os mesmos erros que levaram o país à Grande Depressão em 1929.
Os signatários da carta consideram que a política protecionista e o aumento de tarifas ameaçam o crescimento econômico dos EUA. Vladimir Vasiliev, colaborador científico do Instituto Americano e Canadense da Academia de Ciências da Rússia, compartilhou sua opinião com a Sputnik.
“Há certo risco [que se produza uma nova crise]. A Grande Depressão de 1929 e as turbulências sucedidas entre 2007 e 2008 aconteceram paralelamente a um aumento anormal dos índices do mercado acionário, isto é, ao mesmo tempo que a tendência ascendente é provocada por uma bolha. Atualmente, os índices de ações dos EUA estão atingindo novos recordes à medida que a administração de Trump pratica uma política que infla a bolha especulativa”, explica Vasiliev, citado pelo portal russo BFM.ru. O analista acrescentou que “o mercado de ações está inflando o setor da economia real”.
Segundo o economista, o déficit orçamentário e a dívida são dois sinais alarmantes para o país norte-americano. Em 2018, o déficit orçamentário dos EUA poderá chegar a US$ 900 bilhões (cerca de R$ 3,2 trilhões), enquanto sua dívida agora atinge 106% de seu PIB.
No entanto, nem todos os especialistas entrevistados pela mídia russa consideram que os EUA correm o risco de cair em depressão.
Ivan Rodionov, professor da Escola Superior de Economia da Rússia, opina que Trump está agindo dentro do quadro de uma tendência comum destinada a resistir à globalização e faz isso de um modo sensato, orientado pelos interesses dos EUA.
“Eu percebo que essas pessoas [os signatários da carta] não entendem que a situação no mundo mudou radicalmente nos últimos 10 ou 15 anos. A ideia de organizar o livre comércio está ultrapassada”, comentou Rodionov.
Trump quer fechar os EUA para a entrada de mercadorias estrangeiras com o objetivo de consolidar as vantagens competitivas das empresas norte-americanas, segundo o especialista. Rodionov acredita que, a princípio, Washington criará uma aliança comercial entre a América do Norte e a América do Sul e, em seguida, quando essa união obter força suficiente, convidará a Europa a participar.
“Eu não creio que as medidas que Trump está tomando resultem em consequências negativas para a economia dos EUA”, resumiu Rodionov.
Donald Trump aprovou em 9 de março a introdução de novas tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre o alumínio.
Anteriormente, Trump havia retirado os EUA do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, sigla em inglês).