Márcio Resende, enviado especial da RFI a Santa Fé, Argentina
O recente acordo de livre comércio celebrado entre o Mercosul e a União Europeia será o grande troféu a ser exibido por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai nesta reunião de Cúpula que começa nesta segunda-feira (15) na cidade argentina de Santa Fé. Mauricio Macri, em campanha pela reeleição e principal responsável por costurar um entendimento com a Europa nos últimos três anos, tentará capitalizar o triunfo.
O bloco, agora revitalizado depois de anos de confinamento, parte para reformas internas e para novos acordos comerciais até o final do ano.O Mercosul deve anunciar nesta reunião de Cúpula que dura até quarta-feira (17) um acordo para acabar com a cobrança do roaming entre os países. Um brasileiro vai poder usar o seu número de celular em qualquer país do bloco como se estivesse no Brasil, com tarifa local.
Também deverá ser assinado um acordo de cooperação consular. Os países do Mercosul vão compartilhar as suas redes de consulados pelo mundo. Por exemplo, um brasileiro vai poder ser atendido num consulado argentino em determinada cidade francesa se naquela cidade só houver uma representação da Argentina. Haverá ainda um acordo de segurança nas fronteiras que prevê a troca de informações sobre migrantes que tenham cometido crime no seu país de origem.
Mas o acordo de livre-comércio com a União Europeia é a grande conquista palpável da história deste bloco depois de 24 anos de União Alfandegária. E longe de ser um ponto de chegada, é o ponto de partida. O acordo obriga o Mercosul a uma reforma interna para aprofundar a própria integração entre os países membros.
Brasil vai assumir presidência rotativa
O Brasil vai assumir da Argentina a Presidência rotativa do bloco com o desafio de, nos próximos seis meses, concluir a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, aquela que consolida a União Alfandegária. A atual TEC é repleta de exceções e considerada elevada para os parâmetros dos grandes blocos comerciais do mundo. No horizonte, uma baixa da tarifa para bens de capital para facilitar a industrialização do bloco e a competitividade para encarar a concorrência com a Europa.
Por volta de agosto ou de setembro, o Mercosul deve fechar um acordo com outro bloco, o EFTA, que inclui Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein. Um acordo com o Canadá pode acontecer até o final deste ano. Coreia do Sul e Singapura devem ficar para 2020. O Mercosul pode ainda mencionar a intenção de iniciar negociações de livre-comérico com China e com Estados Unidos. No campo doméstico, o Açucar e os Automótiveis, dois setores que nunca tiveram livre comércio no Mercosul, deverão finalmente ter.