O ministro francês da Ecologia, François de Rugy, renunciou ao cargo, ontem (16), após ser criticado por oferecer jantares suntuosos com dinheiro público à época em que era presidente da Assembleia Nacional, e por promover uma reforma cara em seu apartamento funcional.
Rugy afirmou em seu perfil numa rede social que apresentou a renúncia ao primeiro-ministro, Édouard Philippe, para poder se defender das acusações.
“Os ataques e o linchamento midiático contra minha família me levam hoje a fazer um recuo necessário. O esforço necessário para lutar contra as acusações faz com que eu não possa realizar com tranquilidade as missões que me foram dadas pelo presidente”, escreveu.
O escândalo foi revelado pelo portal Mediapart na semana passada. O site deu detalhes de pelo menos uma dezena de jantares promovidos por Rugy entre 2017 e 2018, quando ele era presidente da Assembleia Nacional (parlamento francês), na residência oficial reservada para o ocupante da função.
Lagosta e champanhe em recepções
Nenhum dos jantares parecia ter relação com o cargo. Entre os convidados estavam amigos do ex-ministro e de sua esposa, uma jornalista que cobre celebridades. Fotos mostraram que, nos eventos, eram servidos vinhos de 500 euros (mais de R$ 2 mil), lagosta e champanhe.
O jornal Le Parisien, por sua vez, revelou que a mulher do ministro usou dinheiro da Assembleia para comprar um secador de cabelo de 499 euros para a residência oficial.
Inicialmente, Rugy se recusou a deixar o cargo e disse que estava sendo vítima de uma campanha “grotesca” para acabar com sua reputação. Ele ainda afirmou que não comia lagosta por ter “intolerância alimentar a frutos do mar”.
A imprensa francesa ridicularizou a justificativa e ouviu médicos que afirmaram que não existe algo como “intolerância à lagosta”, mas sim alergia, e que esse não parecia ser o caso de Rugy, já que publicações antigas do ministro em redes sociais mostraram que ele apreciava frutos do mar.
Edição: Kleber Sampaio