Diante dessa previsão, a OIT avalia que haverá uma perda de produtividade que pode afetar 80 milhões de empregos e estima que 2,2% do total das horas trabalhadas no mundo seriam “perdidas” por conta das temperaturas elevadas. As projeções foram baseadas na estimativa de um aumento de 1,5° C da temperatura mundial até o fim do século.
O “stress térmico” é o termo utilizado para designar o calor superior ao que o corpo pode tolerar sem sofrer danos fisiológicos – o que em geral acontece com temperaturas superiores a 35°C associadas à uma forte umidade. O maior impacto será no sul da Ásia e no oeste da África, onde cerca de 5% do total de horas trabalhadas seriam afetadas, segundo os autores do documento, intitulado “Trabalhar em um planeta mais quente: o impacto do stress térmico na produtividade do trabalho e no trabalho decente”, apresentado nesta segunda-feira à imprensa, em Genebra.
As perdas econômicas são avaliadas em U$ 2,4 bilhões em escala mundial. “Em suma, é o equivalente à economia do Reino Unido”, disse Catherine Saget, uma das autoras do relatório. “Esse stress térmico é uma consequência grave das mudanças climáticas”, afirmou Saget. “É esperado que haja um aumento da desigualdade entre os países riscos e os mais pobres e que as condições de trabalho fiquem cada vez piores para os mais vulneráveis”, destaca. Segundo ela, também haverá um maior número de deslocamentos da população.
Agricultura deve ser um dos setores mais atingidos
Os dois setores mais expostos são a Agricultura, que emprega cerca de 940 milhões de pessoas no mundo, e deveria representar 60% das horas de trabalho perdidas até 2030, seguida pelo setor da Construção Civil, com 19% da perda de produtividade.
De acordo com Nicolas Maitre, economista da OIT, a Europa também deve sofrer a consequência do aquecimento global. “As ondas de calor que tivemos nos últimos tempos serão cada vez mais frequentes e intensas”, disse. Para prevenir o stress térmico a OIT encoraja a criação de infraestruturas adequadas e melhorias nos sistemas de alerta precoces durante os episódios de forte calor, como o vivido na semana passada na França. Em algumas regiões europeias o termômetro chegou a atingir 45°C.