Uma equipe de astrônomos anunciou a descoberta de um objeto que tem uma massa que não se encaixa nas categorias conhecidas de buracos negros ou estrelas de nêutrons, que são os objetos mais densos do universo.
O objeto foi detectado em órbita de uma estrela de nêutrons que gira muito rápido, chamada de pulsar de milissegundo. A descoberta foi publicada na revista Science e pode abrir novas possibilidades para o estudo dos buracos negros e da teoria da relatividade geral de Einstein.
Os astrônomos usaram o Telescópio de Rádio MeerKAT, localizado na África do Sul, para observar o pulsar de milissegundo e seu companheiro misterioso. Eles mediram o tempo que os pulsos de radiação emitidos pelo pulsar levavam para chegar à Terra, e notaram que esse tempo variava de acordo com a posição do objeto em relação ao pulsar. Isso permitiu que eles calculassem a massa do objeto, que foi estimada em cerca de 2,6 vezes a massa do Sol.
Esse valor é muito intrigante, pois está entre as massas dos buracos negros e das estrelas de nêutrons mais leves conhecidos. Os buracos negros são objetos que têm uma gravidade tão forte que nada pode escapar deles, nem mesmo a luz. As estrelas de nêutrons são objetos que se formam quando uma estrela muito grande explode e deixa um núcleo supercompacto. Os buracos negros mais leves conhecidos têm cerca de 5 vezes a massa do Sol, e as estrelas de nêutrons mais pesadas conhecidas têm cerca de 2,3 vezes a massa do Sol.
Então, o que é esse objeto misterioso? Os astrônomos sugerem que ele pode ser um buraco negro ou uma estrela de nêutrons muito pesada, que está no limite de colapsar em um buraco negro. Ambas as possibilidades são muito interessantes, pois podem ter propriedades que desafiam as leis da física. Por exemplo, um buraco negro pode ter um horizonte de eventos, que é a fronteira a partir da qual nada pode sair, e uma singularidade, que é um ponto de densidade infinita no centro. Uma estrela de nêutrons muito pesada pode ter uma equação de estado, que é a relação entre a pressão e a densidade da matéria, muito diferente das estrelas de nêutrons normais.
Os astrônomos esperam que essa descoberta possa permitir novos testes da teoria da relatividade geral de Einstein, que é a melhor descrição que temos da gravidade. A teoria prevê como a gravidade afeta o espaço e o tempo, e como os objetos massivos podem distorcer essas dimensões. O pulsar de milissegundo e seu companheiro misterioso formam um sistema binário que pode ser usado como um laboratório natural para testar as previsões da teoria em condições extremas.
Além disso, a descoberta pode abrir portas para o estudo dos buracos negros, que são objetos muito difíceis de observar diretamente. Ao encontrar um buraco negro em órbita de um pulsar de milissegundo, os astrônomos podem usar os pulsos de radiação do pulsar para medir as propriedades do buraco negro, como sua massa, seu spin e sua carga. Isso pode ajudar a entender melhor como os buracos negros se formam, evoluem e interagem com o seu ambiente.
A descoberta do objeto misterioso na Via Láctea é um exemplo de como a astronomia pode nos surpreender com fenômenos que desafiam as nossas expectativas e nos levam a questionar o que sabemos sobre o universo. É também um exemplo de como a colaboração entre cientistas de diferentes países e instituições pode levar a resultados impressionantes. Os astrônomos esperam continuar a observar o sistema binário com o Telescópio de Rádio MeerKAT e outros instrumentos, para tentar revelar a verdadeira natureza do objeto misterioso e suas implicações para a física e a cosmologia.