Nossa galáxia esteve cercada não por duas, mas por três nuvens de Magalhães, uma das quais foi dilacerada em pedaços e “comida” pela Grande Nuvem de Magalhães há cerca de três bilhões de anos, afirmam cientistas que publicaram um artigo sobre o assunto na revista MNRAS.
Benjamin Armstrong, da Universidade da Austrália Ocidental, disse que por muito tempo eles pensavam que “algumas das estrelas dentro da Grande Nuvem de Magalhães estavam indo para o lado errado porque entraram nessa galáxia depois de sua colisão com a Pequena Nuvem. Acontece que elas começaram a se mover desse modo quando a Grande Nuvem se fundiu com um terceiro objeto”.
A Via Láctea não está sozinha no espaço, mas em companhia de todo um conjunto de várias dezenas de galáxias anãs relativamente pequenas, das quais as mais notáveis e maiores são as chamadas Grande e Pequena Nuvens de Magalhães.
Como observa Armstrong, essas galáxias atraíram por muito tempo a atenção dos astrônomos por suas formas irregulares, que testemunham colisões entre as nuvens Grande e Pequena no passado.
Armstrong e seu colega Kenji Bekki descobriram como essas anomalias surgiram e encontraram vestígios de outro satélite da Via Láctea, que “morreu” em um passado cósmico relativamente recente, estudando várias estrelas “estranhas” que habitam dentro da Grande Nuvem de Magalhães.
Essas estrelas, segundo os astrofísicos, têm várias características incomuns ao mesmo tempo. Elas contêm uma quantidade “errada” de metais astronômicos, elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio, e giram em torno do centro da Grande Nuvem de Magalhães ao longo de uma trajetória muito estranha. Essas e outras anomalias as relacionam às estrelas da Pequena Nuvem de Magalhães, o que faz com que muitos cientistas pensem que chegaram à sua atual moradia durante uma das colisões entre a Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães.
Observações recentes dessas estrelas “estranhas” mostraram que cerca de 5% do número total de estrelas da Grande Nuvem de Magalhães se comporta de maneira similar. Isso, como observa Armstrong, pôs imediatamente em questão as teorias sobre sua origem, uma vez que tantas estrelas não conseguiriam “escapar” da Pequena Nuvem de Magalhães durante seu último “encontro” com a Grande Nuvem de Magalhães.
Tentando encontrar a resposta para essa pergunta, os astrônomos criaram um modelo de computador das vizinhanças mais próximas da Via Láctea, analisando como a Grande Nuvem de Magalhães se comportou durante esse período.
Conforme esses cálculos, essas estrelas poderiam ter aparecido dentro da Grande Nuvem de Magalhães somente se aproximadamente há três bilhões de anos esta galáxia tivesse “comido” outro objeto com forma e tamanho similar a ambas as nuvens de Magalhães.
Se isso for verdade, então é possível presumir uma coisa interessante: é bem possível que uma grande parte da “corte” da Via Láctea tenha sido uma entidade única antes mesmo do “encontro” com a nossa galáxia. A favor disso está o fato de que a Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães têm reservas “comuns” de matéria escura, assim como muitos outros fatores.
Por Sputnik Brasil