A jornalista Aude Massiot só obteve a entrevista depois de se comprometer a viajar para a Suécia de trem, já que uma das causas defendidas pela militante é diminuir o uso dos aviões no transporte. Depois de se encontrar com Greta, a jornalista do Libération garante que a sueca tem uma maturidade intelectual que impressiona, é muito segura a respeito de suas ideias e não parece ser manipulada, como dizem as más línguas.
Greta faz questão de se manter distante de organismos institucionais e partidos políticos, acreditando que o mais importante é levar a mensagem da urgência climática ao maior número possível de cidadãos. Segundo ela, a humanidade está diante de uma crise existencial inédita e muita gente ainda não sabe de fato o impacto que o aquecimento global terá em suas vidas em muito pouco tempo.
Greta considera que nenhum país no mundo faz o suficiente para minimizar a catástrofe à vista, mas nem por isso ela estima que os grandes eventos internacionais, como as conferências da ONU sobre o clima, sejam inúteis. Ela acredita que no momento em que as pessoas estiverem de fato informadas sobre a amplitude do problema, elas saberão reagir, como aconteceu com ela, com seus pais e com milhares de jovens que ouviram seu apelo e iniciaram o movimento global de mobilização nas escolas às sextas-feiras.
“Números são chatos, mas as pessos precisam conhecer”, argumenta Greta
Aproveitando a entrevista, a jovem sueca diz que a mídia deve fazer muito mais pelo clima, exibindo com frequência bem maior do que faz atualmente os relatórios científicos e suas conclusões alarmantes. “São números que causam tédio em muita gente, mas a nossa sobrevivência depende deles”, afirma.
“Não posso condenar quem não faz nada pelo planeta. Eles não fazem isso por maldade. Eles simplesmente não sabem o que está acontecendo”, analisa Greta.
Questionada se é anticapitalista, Greta responde que presta muita atenção ao que fala e nunca utiliza essa palavra. Com firmeza, a adolescente reafirma que a única palavra que ela porta é a da ciência, utilizando os dados científicos disponíveis sobre o clima em suas ações.
“Nenhum movimento político ou ideologia, tal como se viu até hoje, é conveniente para o futuro, basta ver a situação planetária. Precisamos de algo novo”, avalia.
Por indicação de parlamentares da Noruega, Greta concorre ao prêmio Nobel da Paz de 2019.