Novas revelações sobre o tiroteio na feira de Natal de Estrasburgo foram feitas pelo procurador da República da França, Rémy Heitz, nesta quarta-feira (12). Ele confirmou que o ato teve motivação terrorista e que o agressor gritou “Allah Akbar” antes de abrir fogo contra os frequentadores do local.
A confirmação foi feita com base em testemunhos do tiroteio, perpetrado no centro de Estrasburgo, nordeste da França. A frase “Allah Akbar” (Alá é grande) é tradicionalmente proferida por terroristas durante atentados.
Heitz também deu outros detalhes sobre o ataque e confirmou a identidade do atirador, o francês Chérif C., de 29 anos, nascido em 24 de fevereiro de 1989 em Estrasburgo. Ele tem olhos e cabelos castanhos e usa uma barba curta.
Depois de abrir fogo contra o público da feira de Natal, pouco antes das 20h da França (17h pelo horário de Brasília), na terça-feira (11), ele percorreu algumas ruas da cidade atacando pedestres com uma faca. Também atirou contra uma patrulha de militares antiterrorismo, que responderam ao ataque e feriram o agressor a tiros.
Em seguida, Chérif C. ameaçou um taxista que foi obrigado a conduzi-lo até outro bairro da cidade. No caminho, o agressor, armado e ferido, falou sobre o ataque, dizendo que havia assassinado “dez pessoas”. Ao deixar o táxi, trocou tiros com policiais.
Perfil do autor do ataque
O procurador da República confirmou que o agressor continua em fuga e que um grande esquema foi montado para capturar Chérif C. O homem tem diversas passagens pela polícia, a maioria por violência, com 27 condenações na França, Alemanha e Suíça.
Radicalizado na prisão, ele faz parte dos registros do serviço de inteligência como “ficha S”, como são classificados os potenciais terroristas na França. Chérif C. era rastreado pelos serviços de inteligência da França, que não imaginava que o homem estava disposto a perpetrar um atentado.
Na manhã de terça-feira, a polícia realizou uma batida em sua casa. No local, uma granada, uma metralhadora e duas facas de caça foram apreendidas pelos policiais.
“Ele não era muito religioso”, afirma um rapaz de 22 anos que mora no mesmo complexo residencial de Chérif C, no subúrbio de Estrasburgo. Segundo o jovem, o vizinho é um “homem discreto, não musculoso” e mora sozinho em um apartamento. Os pais do agressor vivem em um outro imóvel no mesmo bairro.
Quatro familiares de Chérif C. foram presos para interrogatório depois do ataque. Os trabalhos de busca mobilizam mais de 600 policiais e militares em toda a França. O país teve a segurança de suas fronteiras terrestres reforçada e o governo decretou “estado de emergência de atentado” na manhã desta quarta-feira.
O presidente francês, Emmanuel Macron, realizou um conselho de ministros nesta tarde sobre o atentado. Segundo o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, o chefe de Estado lamentou que “a ameaça terrorista continua viva na França”.
Identidade das vítimas
De acordo com o procurador da República duas pessoas morreram no ataque e uma terceira teve morte cerebral. Quatorze indivíduos foram feridos, seis deles continuam internados em estado grave.
Segundo o prefeito de Estrasburgo, Roland Ries, as vítimas são na maioria homens, entre eles, um turista tailandês e um jornalista italiano de 28 anos. “Algumas pessoas foram atingidas por balas na cabeça”, declarou à TV francesa. Nenhuma criança está entre os mortos ou feridos.
A feira de Natal de Estrasburgo não tem previsão para ser reaberta. A polícia também reforça a segurança em outros eventos e mercados similares em toda a França – uma célebre tradição das festas de fim de ano – considerando o risco da repetição deste tipo ataque em outras cidades do país.