Eleito com mais de 70% dos votos dos quase 12 milhões de eleitores cazaquistaneses, o líder político Kassym-Jomart Tokayev é o novo presidente do Cazaquistão, de acordo com as apurações feitas hoje (10). As eleições foram históricas, já que o país, governado pelo ex-presidente Nursultan Nazarbayev desde o desmoronamento da antiga União Soviética, teve a oportunidade de escolher um entre sete candidatos.
Em entrevista coletiva, o embaixador do Cazaquistão no Brasil, Kairat Sarzhanov, disse que o resultado eleitoral atende às expectativas de empresários e políticos do Cazaquistão e do Brasil de prosseguir com suas políticas em favor de acordos econômicos e científicos que permitam o desenvolvimento das duas economias.
“Para nós, cazaquistaneses, o Brasil é o país que vai abrir o caminho para nos tornarmos grandes parceiros da América Latina nos campos econômico e tecnológico”, disse Sarzhanov. Segundo ele, os números da balança comercial bilateral ainda são pequenos diante do tamanho de ambas as economias, mas já existem uma série de acordos e parcerias que podem dar um maior dinamismo às relações entre os dois países.
Fluxo comercial
Em 2018, o Brasil exportou US$ 80,3 milhões para o Cazaquistão, e importou US$ 35,7 milhões, o que resultou em superávit superior a US$ 44,5 milhões. Nos quatro primeiros meses de 2019, as exportações brasileiras somam US$ 28,4 milhões e as importações US$ 11,6 milhões, com superávit de US$ 16,6 milhões.
Para dar uma ideia dos acordos e parcerias entre os dois países, Sarzhanov disse que recentemente a Embrapa assinou um memorando de entendimento com autoridades cazaques visando levar ao Cazaquistão os conhecimentos acumulados pela empresa brasileira de pesquisa ao longo de seus quase 50 anos, tanto na pecuária quanto na agricultura.
Bovinos vivos
“Este ano vamos importar 30 mil bovinos vivos do Brasil para dinamizar nossa pecuária”, disse o embaixador. Ele afirmou também que o Cazaquistão está oferecendo aos grandes frigoríficos brasileiros a oportunidade de instalar centros de processamento de carne no país. O objetivo, segundo ele, é aproveitar a localização geográfica do Cazaquistão (que fica entre a China, a Rússia e a Europa) para vender os produtos dos frigoríficos brasileiros para outros mercados.
Sarzhanov acrescentou que a empresa aérea do Cazaquistão, Air Astana, comprou vários aviões da Embraer. “Atualmente as autoridades do Cazaquistão estão solicitando à Embraer a instalação de um centro de pesquisa e apoio visando dar assistência técnica e científica não só às aeronaves adquiridas pela Air Astana como também a todas as empresas aéreas que atuam na Ásia Central e que são proprietárias de aviões da Embraer”, falou.
O Cazaquistão também tem investimentos em projetos de mineração brasileiros e é um tradicional exportador de urânio para a empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Na área de mineração, o Cazaquistão lidera o consórcio de empresas da Bahia Mineração, localizado em Caetité (Bahia), em um projeto que explora minério de ferro no valor de US$ 1,5 bilhão.
Esse projeto está associado à construção de uma estrada de ferro entre Caetité e o litoral baiano, a Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol). O outro é a construção de um porto de águas profundas no litoral baiano, que vai proporcionar a exportação desse minério de ferro para o mercado internacional. Esses dois projetos estão sendo realizados em parceria com empresas chinesas e com o incentivo do Governo da Bahia.
Novo presidente
Kassym-Jomart Tokayev já tinha assumido o cargo de presidente em 20 de março de 2019, após a renúncia, em 19 de março, de Nursultan Nazarbayev, que estava no poder há 21 anos. Antes de assumir a presidência, Tokayev era presidente do Senado. Pela constituição do país, o presidente do Senado é o substituto natural do presidente do país. Um mês após tomar posse, Tokayev convocou eleições presidenciais, para garantir a estabilidade do país e remover as incertezas políticas.
Saiba mais
Edição: Augusto Queiroz