O Cazaquistão tem interesse em buscar um intercâmbio com os setores da indústria e do agronegócio brasileiros e desenvolver projetos na área de alta tecnologia, agricultura, fontes renováveis de energia, maquinaria, uso pacífico da energia nuclear e mineração. A informação é do embaixador daquele país no Brasil, Kairat Sarzhanov.
Ele participou na última quinta-feira (9), no Senado Federal, da reinstalação do grupo parlamentar Brasil-Cazaquistão, com o objetivo de atrair investimentos e elevar os valores do comércio bilateral, hoje em patamares modestos se comparados ao potencial econômico das duas nações. “Nosso comércio bilateral está crescendo muito rapidamente”, ressaltou Sarzhanov.
Em 2018, o Brasil exportou US$ 80,3 milhões para o Cazaquistão, e importou US$ 35,7 milhões, o que resultou em superávit superior a US$ 44,5 milhões. Nos quatro primeiros meses de 2019, as exportações brasileiras somam US$ 28,4 milhões e as importações US$ 11,6 milhões, com superávit de US$ 16,6 milhões.
O senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos integrantes do grupo parlamentar Brasil-Cazaquistão, disse que, durante sua gestão como governador da Bahia, de 2011 a 2014, buscou atrair investimentos da empresa cazaque Eurasian Mining Group para o setor de mineração do estado. A empresa decidiu se estabelecer na região e os investimentos já alcançam cerca de U$ 1 bilhão. Recentemente a Eurasian aliou-se a duas empresas estatais chinesas com o objetivo de incrementar os investimentos em Caetité, no interior da Bahia, em mais U$ 1,4 bilhão.
No entanto, o projeto só atingirá sua maturidade depois que os governos estadual e federal chegarem a um acerto sobre a concessão da ferrovia Leste-Oeste, projeto que viabilizará o transporte do minério. Há estudos também sobre a construção de um porto para a exportação do produto.
Sarzhanov disse também que gostaria que a Embraer instalasse um centro de serviços em Nur Sultan, a capital do Cazaquistão. Segundo ele, o desejo do Cazaquistão é de que esse centro de serviços esteja funcionando em curto prazo, incrementando a atuação da empresa no país, que já adquiriu vários aviões da Embraer nos últimos anos. Ele observou, no entanto, que a decisão sobre a instalação do centro de serviço é da Embraer, que está estudando o assunto.
O embaixador também falou sobre a cooperação de empresas dos dois países na área espacial e a recente parceria com a Embrapa, que terá como uma das consequências, maior venda de bovinos vivos ao Cazaquistão.
Investimentos
Sarzhanov afirmou que o Cazaquistão é um país que atrai 80% dos investimentos estrangeiros dirigidos à Ásia Central. Desde a sua independência, em 1991, o país atraiu mais de US$ 300 bilhões em investimentos diretos. Uma das razões que favorecem os investimentos estrangeiros é legislação, que estabelece taxas reduzidas para os investidores de outros países.
Outro ponto favorável é o sistema de transporte do Cazaquistão, que permite o rápido trânsito de mercadorias pelo país graças a uma rede de ferrovias e rodovias entre o território cazaque e a China, Rússia e vários países da Europa.
Participaram da cerimônia de reinstalação do grupo parlamentar Brasil-Cazaquistão os senadores Chico Rodrigues (DEM-RR), Angelo Coronel (PSD-BA), Jaques Wagner (PT-BA) e os chefes do Departamento de Rússia e Ásia Central do Itamaraty, embaixador Ary Norton Quintella e da Assessoria Internacional da Presidência do Senado, embaixador Marco Farani.
Edição: Denise Griesinger