Com apenas uma medalha de bronze, de Érika Miranda, na categoria até 52kg, o Brasil terminou o campeonato mundial de judô, disputado no Azerbaijão, em 17° lugar na classificação geral.
Érika foi a única a subir ao pódio. O Brasil teve ainda dois atletas em quinto lugar, Daniel Cargnin e Jéssica Pereira, e um em sétimo, Maria Suelen Altheman.
Com 18 atletas, disputando a maioria das 14 categorias, a delegação brasileira era uma das maiores presentes em Baku, ao lado de França, Japão, Coreia do Sul e China.
O coordenador de alto rendimento da Confederação de Judô, Ney Wilson, não escondeu uma certa frustração com o fraco desempenho da delegação.
“Nos preparamos bem, esperávamos um resultado diferente, mas se tem um momento que a gente poderia falhar, era esse. Ainda temos um Mundial pela frente e o nosso grande objetivo é o Jogos Olímpicos”, declarou, em referência às Olimpíadas de Tóquio.
“Poderia ter sido uma história diferente, mas dá para tirar bons proveitos dos resultados, dos desempenhos que a gente assistiu”, acrescentou.
O desempenho da delegação brasileira foi o pior desde 2009, quando a equipe, com 13 atletas, voltou sem medalhas, com dois quinto lugares na bagagem.
Muito diferente ainda de anos anteriores e do Mundial de Budapeste, em 2017, quando o Brasil brilhou e ficou em terceiro na classificação geral. No total, foram cinco medalhas: uma de ouro com Mayra Aguiar, duas de prata, com David Moura e na competição por equipes, e dois bronzes com Rafael Silva e Erika Miranda.
No entanto, o desempenho fraco deste ano foi relativizado pela CBJ. “Não nos assusta. Já tivemos resultados piores, e no ano seguinte estávamos de cabeça erguida. Continuo confiante nessa equipe, confiante no trabalho”, acrescentou.
Período de transição
Durante sua estada em Paris, onde faz curso de gestão em uma das mais prestigiadas instituições de ensino do país, o ex-judoca Flávio Canto, comentou a atual fase do judô brasileiro, incluindo os resultados de Baku.
Segundo o medalhista de bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, o país vive uma fase de transição, principalmente na equipe masculina.
“O Brasil está passando por um período de transição já alguns anos. Principalmente na equipe masculina. Na feminina vai bem”, avaliou na entrevista à Rádio França Internacional.
Segundo Canto, é difícil encontrar uma explicação para o desempenho irregular dos últimos anos do judô. “No ano passado fomos muito bem. O Brasil foi vice-campeão mundial juvenil por equipes e vice-campeão mundial adulto”, lembrou.
Fundador do Instituto Reação, no Rio de Janeiro, que conta com 1.800 alunos, e programas de judô que levaram cinco atletas a disputar o Mundial de Baku, Flávio destaca o alto nível de competição do esporte, que se desenvolveu muito em muitos outros países.
“A quantidade de países que disputam medalhas hoje, é muito maior do que antes. Acho que temos que tentar algo disruptivo para sairmos desse bolo, que é o que a Rússia e o Japão fizeram. É preciso criar uma metodologia de treinos e de competições, que envolvem muito dinheiro, para ter um número significativo de atletas com possibilidade de medalha”, destacou.
Flávio lembra que o Brasil tem atletas com mais chances de chegar ao pódio em apenas três ou quatro categorias, entre masculina e feminina. O Japão tem chances em 14 categorias, compara.
“Você pode avaliar o poder de fogo de um país pela quantidade de atletas com potencial de medalhas em cada categoria”, conclui.