Enviado especial a Santa Fé
Desde que começou o seu processo de adesão ao Mercosul em 2006, até a sua suspensão em 2017, a Venezuela sempre esteve presente nos discursos dos representantes do bloco sul-americano. Mas desta vez, o país desapareceu das discussões dos ministros das Relações Exteriores do bloco, que vive um momento de euforia depois do acordo com a União Europeia.
Com reuniões a cada seis meses, a crise venezuelana sempre foi o ponto forte dos debates, mesmo depois da suspensão do país do bloco por “ruptura da ordem democrática”. Mas agora, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo, em discurso no plenário do Mercosul em Santa Fé, classificou o tema como um assunto que ninguém quer abordar. “Neste momento, é preciso reconhecer que existe um elefante na sala, que é a questão da Venezuela”, ressaltou o representante de Brasília.
“Estamos mudando o peso da nossa região no mundo. O século XXI pode ser o século da América do Sul”, indicou Araújo, que se referiu à Venezuela como “a grande pedra no caminho da América do Sul”.
“O grande desafio que hoje se depara a nossa região é a plena recuperação da democracia em toda a região e, neste sentido, o grande desafio é a situação da Venezuela, um regime ditatorial que já não se preocupa em proporcionar nada para o seu próprio povo, mas apenas em se manter no poder a qualquer custo”, acusou.
“O resto do mundo olha para nós com imensa expectativa. Só que a primeira pergunta é ‘e a Venezuela’?”, concluiu o ministro Ernesto Araújo em rara citação à crise venezuelana numa reunião marcada pela exaltação ao livre comércio a partir do acordo com a União Europeia e das negociações em fase final com o EFTA (Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein) e com o Canadá.