“O módulo de energia e propulsão do posto avançado orbital será uma pedra angular para toda a estação de Gateway e um excelente exemplo de como trabalhar com empresas privadas ajudará a NASA a voltar à órbita o mais rápido possível e colocar a primeira astronauta mulher em sua superfície em 2024”, anunciou Bridenstine.
Os primeiros rumores sobre a possível construção da estação na órbita da Lua surgiram no segundo semestre de 2016, quando ocorreu uma reunião a portas fechadas do grupo internacional espacial ISCWG. É justamente nesse grupo que representantes das cinco potências espaciais debatem os planos para a exploração espacial e as áreas em que a humanidade se moverá após desativação da Estação Espacial Internacional (EEI).
Em setembro de 2017, representantes da Roscosmos e da NASA confirmaram oficialmente estes planos e assinaram um memorando de cooperação para criação da LOP-G, segundo o qual a Rússia deveria criar um módulo de bloqueio da estação lunar. As negociações subsequentes entre Moscou e Washington chegaram a um impasse, uma vez que o lado russo não ficou satisfeito com o seu papel no projeto.
Alguns destes problemas foram resolvidos durante a primeira reunião de Dmitry Rogozin e Bridenstine em outubro do ano passado, mas os EUA não desistiram de criar um LOP-G como um “projeto americano” ao invés de um “projeto internacional”. As relações se tornaram mais tensas no último semestre do ano passado após o chefe da NASA ter convidado Dmitry Rogozin para visitar os EUA, e depois ser forçado a desistir da ideia sendo pressionado por congressistas, o que voltou a pôr em causa a participação da Rússia no projeto.
Na noite de quinta-feira (23), uma teleconferência foi realizada na sede da NASA, durante a qual Bridenstine e os chefes do programa Artemis falaram sobre os primeiros passos para executar os planos dos Estados Unidos para voltar à lua. De fato, a iniciativa será agora dividida em duas partes, porque a liderança dos EUA decidiu recentemente acelerar o ritmo da execução e devolver os astronautas à Lua não em 2028, como inicialmente previsto, mas em 2024.
Outra razão para o aceleramento pode estar envolvida com o atraso no desenvolvimento do Sistema de Lançamento Espacial. Tudo isso teria feito com que a NASA adiasse o lançamento de praticamente todos os módulos LOP-G para uma data posterior e acelerasse o desenvolvimento do elemento principal da estação, o módulo de potência e propulsão do posto avançado orbital.
Será uma grande nave espacial equipada com um motor de íons, cuja potência será um recorde de 50 quilowatts, onde dois astronautas podem viver durante um curto período de tempo. Além disso, será equipada com portas necessárias para acoplar naves Orion e outras naves espaciais, bem como para realizar passeios espaciais e pousos na superfície da lua.
“A versão pequena da estação de Gateway foi concebida para nos permitir pousar na superfície da Lua. Portanto, o poder de seus sistemas de suporte de vida e o número de portas será mínimo, embora nada nos impeça de expandi-lo posteriormente”, afirmou William H. Gerstenmaier, chefe de voos tripulados da NASA.
Não é a NASA que vai construir e enviar o módulo de potência e propulsão do posto avançado orbital para o espaço, mas, sim, o seu primeiro parceiro lunar privado, Maxar. Esta corporação já esteve envolvida no desenvolvimento de estações espaciais no passado, que resultou no braço robótico Canadarm2, instalado a bordo da EEI pela Agência Espacial Canadense.
Segundo Bridenstine, a Maxar receberá cerca de 375 milhões de dólares para construir o primeiro módulo da estação lunar e enviá-lo ao espaço. Michael Gold, vice-presidente da empresa, disse que a Maxar está agora se dedicando ao foguete New Glenn, criado pela startup Blue Origin.
Por outro lado, o primeiro lançamento do foguete New Glenn deve acontecer apenas em 2021, o que poderia forçar a Maxar a optar por outros veículos de lançamento pesados para conseguir enviar a tempo a estação lunar até a conclusão da primeira fase do programa Artemis.
A segunda parte do Artemis, segundo o chefe da NASA, será lançada apenas após o primeiro “novo” pouso de astronautas na Lua. Como parte da iniciativa, o LOP-G será significativamente expandido e se tornará uma espécie de plataforma de testes para preparação do primeiro voo para Marte. Ao mesmo tempo, Bridenstine salientou que a estação lunar expandida será muito mais modesta do que a EEI.
O diretor da NASA resumiu que deve ser muito claro para todos que a agência espacial norte-americana não está construindo uma nova EEI na órbita da Lua. “Isso não faz parte dos nossos planos: os EUA não querem gastar todos os recursos disponíveis em sua construção e ‘ficar preso’ na Lua. O nosso principal objetivo era e continua sendo voar para Marte”, adicionou.