Segundo o jornal, quando as primeiras imagens aéreas da Antártica surgiram no início da década de 1970, os cientistas avistaram um buraco estranho na crosta de gelo durante o inverno, que desapareceu bizarramente assim que o verão começou. O mistério permaneceu sem solução desde então, com cientistas quebrando a cabeça para entender o que o buraco poderia indicar.
Durante o inverno de 2017-2018, na Antártica, ele estranhamente surgiu novamente na região, com tamanho estimado em 9.500 quilômetros quadrados, entretanto, novamente desapareceu. No entanto, os pesquisadores agora acreditam que possam ter encontrado uma resposta para o misterioso surgimento e desaparecimento.
Ao analisar uma série de imagens de satélite, os cientistas da Universidade de Nova York Abu Dhabi (NYUAD) passaram a acreditar que os buracos, conhecidos como polínias, seriam resultantes de tempestades ciclônicas na Antártica, que normalmente trazem ar quente e ondas de 15 metros, capazes de balançar o bloco de gelo e empurrá-lo em todas as direções.
Embora as polínias pareçam ruins, elas servem a um propósito funcional, sendo frequentemente utilizadas como caminhos para focas e pinguins, bem como um indicador de mudança climática, se houver. Para ilustrar o ponto, a cientista atmosférica da NYUAD, Diana Francis, comentou o novo estudo publicado no Journal of Geophysical Research.
“Uma vez aberta, a polínia funciona como uma janela através do gelo marinho, transferindo enormes quantidades de energia durante o inverno entre o oceano e a atmosfera”, observou, afirmando que as grandes polínias são notavelmente capazes de impactar o clima tanto regional quanto globalmente “à medida que modificam a circulação oceânica”.
“Isto inclui o impacto sobre a circulação atmosférica regional, a inversão da circulação global, as propriedades das águas profundas da Antártica e a absorção de carbono oceânico”, concluiu o estudo.
Francis também apontou que, dado o agravamento da taxa de mudança climática e o aumento da regularidade dos ciclones, as polínias devem estar em uma tendência ascendente, tornando-se maiores com o tempo quando está mais quente.