Esqueça os laboratórios subterrâneos: saiba como o projeto SQUIRE usa sensores quânticos em órbita para revelar as forças invisíveis que controlam o Universo.
Os cientistas sabem que grande parte do universo é feita de algo que não conseguimos ver: a chamada matéria escura. Ela não brilha, não emite luz e não pode ser observada diretamente — mas influencia o movimento das galáxias. Para tentar entender o que é esse “algo invisível”, pesquisadores criaram um novo projeto chamado SQUIRE.

A ideia é simples de explicar, mas muito ousada:
usar a própria Terra e seu movimento no espaço como parte de um enorme detector.
Por que não basta pesquisar só na Terra?
Até hoje, a busca pela matéria escura depende de grandes laboratórios e máquinas gigantes. Mas esses lugares têm limitações:
– os equipamentos não conseguem atingir velocidades muito altas,
– e não conseguem usar uma “fonte” grande o bastante de partículas para fazer medições mais sensíveis.
Ou seja: na Terra, chegamos perto do limite do que dá pra fazer.
A sacada do SQUIRE: colocar os sensores no espaço
Em vez de tentar resolver esses problemas aqui embaixo, o SQUIRE leva sensores superprecisos para a órbita da Terra. No espaço, três vantagens aparecem naturalmente:
- Velocidade enorme
Um sensor em órbita viaja a quase 8 km por segundo. Isso ajuda a perceber efeitos que seriam invisíveis em um laboratório. - A Terra vira uma “fonte” gigante
O planeta tem trilhões e trilhões de elétrons alinhados pelo campo magnético. Isso cria uma espécie de “farol natural” que os sensores podem usar para detectar forças desconhecidas. - Menos ruído
O movimento periódico da órbita ajuda a separar sinais reais de interferências, algo muito difícil na superfície.
Tudo isso junto aumenta muito a chance de detectar sinais de forças ou partículas que ainda não conhecemos.
E como os sensores conseguem funcionar no espaço?
O espaço é cheio de desafios:
– mudanças no campo magnético da Terra,
– vibrações da estação espacial,
– radiação constante.
A equipe criou soluções para cada problema, como sensores duplos que cancelam interferências, sistemas que corrigem vibrações e proteção extra contra radiação. Ou seja: não é só teoria — o protótipo já existe e funciona.

O que isso significa para o futuro
O SQUIRE ainda não é um observatório completo; é um primeiro passo. Mas ele abre caminho para algo maior:
uma rede de sensores quânticos espalhados entre a Terra e o espaço, capaz de investigar diferentes tipos de matéria escura e outras forças misteriosas da natureza.
No futuro, sensores parecidos poderiam até ser colocados perto de outros planetas, expandindo a busca para todo o sistema solar.
O SQUIRE representa uma nova forma de fazer ciência: em vez de construir máquinas cada vez maiores na Terra, os cientistas estão usando o próprio movimento do planeta e o ambiente espacial como parte do experimento. É um jeito criativo e poderoso de tentar enxergar o lado invisível do universo.
