Cientistas acabam de comprovar que o aumento da concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera, além de ser prejudicial para o clima, também tem efeitos nocivos sobre a qualidade da nossa alimentação.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Climate Change do mês de agosto, elevados índices de CO2, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, reduzem o teor de nutrientes encontrados nos vegetais. As plantas são a principal fonte de proteínas para os seres humanos (63% do aporte diário), de ferro (81%) e de zinco (68%).
Em 2050, segundo a pesquisa feita por cientistas da escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA), 1,4 bilhão de mulheres grávidas e crianças de até 5 anos de idade poderão ficar privadas da dose diária de ferro recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse grupo mais vulnerável da população ficará exposto à anemia e a outras doenças.
A deficiência de zinco irá afetar 175 milhões de pessoas, enquanto outras 122 milhões deverão apresentar carência de proteínas. As elevadas concentrações de gás carbônico na atmosfera serão responsáveis pelo aumento de pessoas com deficiências nutricionais, adverte o estudo. Atualmente, 2 bilhões de pessoas em todo o mundo já manifestam carência de um ou mais nutrientes no organismo.
Índia sentirá o impacto
De acordo com o estudo, a Índia teria o maior fardo, com cerca de 50 milhões de pessoas se tornando deficientes em zinco, um componente importante para evitar diarreias e facilitar a cicatrização. Outros 38 milhões de indianos deverão apresentar carência de proteínas, essenciais para o crescimento. No caso do ferro, cerca de 502 milhões de mulheres e crianças poderão ser afetadas pelo baixo aporte do componente, essencial para evitar complicações na gravidez.
Outros países do sul e sudeste da Ásia, do norte e centro da África, assim como o Oriente Médio, também sofrerão um impacto significativo das alterações no volume de gás carbônico na atmosfera.