A nova descoberta difere das outras na medida em que os restos mortais cobrem um grande período de tempo: sete mil anos.
Na China, em túmulos neolíticos situados em um lugar de escavações arqueológicas chamado Houtaomuga, os arqueólogos encontraram 25 esqueletos, 11 deles com sinais de premeditada deformação dos crânios.
De acordo com Journal of Physical Anthropology, onde foram publicados os resultados das escavações, entre esses, 11 crânios são alongados, cinco são de pessoas adultas e seis de crianças. Um dos homens viveu há 12.000 anos e os outros no período entre 5.000 e 6.500 anos atrás.
Os pesquisadores notam que a região em causa era o centro da expansão populacional fora do território nordeste da China: para a China Central, a península da Coreia, o arquipélago japonês, para a Sibéria Oriental e até para a América. O achado é importante por abranger um período tão longo: no futuro, ajudará a revelar o segredo do porquê de uma tradição tão estranha ter surgido.
Procedimento duro
As pessoas começavam a realizar a deformação artificial do crânio logo após o nascimento, quando o crânio ainda é maleável e os ossos ainda não “cicatrizaram” totalmente. A cabeça era envolvida e apertada com uma faixa de tecido ou com uma tala de madeira. O procedimento podia se prolongar durante cerca de seis meses.
Existe até a descrição deste processo: “Cada dia a cabeça da criança é besuntada com pasta de nozes. Isso amolece a pele e evita erupções cutâneas. Depois, a cabeça é enfaixada com uma ligadura mole, feita da casca interna da bananeira. Por cima da faixa é colocado uma espécie de cesto de vime e o topo é amarrado com uma corda de fibra.”
Assim, o crânio fica chato e alongado. A maioria dos especialistas diz que isto não influenciava as capacidades cognitivas.
Sinal de pertencer à elite
Os autores escrevem que, embora o critério pelo qual algumas pessoas tinham a cabeça deformadas e outras não ainda seja desconhecido, ficou claro que era o alto status social – não só do indivíduo, mas também da família – que desempenhava um papel importante.
É possível que, no decorrer do tempo, pudessem existir muitas razões da deformação dos crânios, seja como sinal de pertencer a um grupo social de elite, como sinal de beleza ou de proximidade ao mundo espiritual.
Em todos os casos, só algumas pessoas eram sujeitas à deformação dos crânios, o que é indicado pelo fato de que apenas metade de todos os restos mortais apresentavam sinais de modificação. Todos eles eram colocados em túmulos verticais do mesmo tipo, o quer dizer que pertenciam à mesma cultura. Ao lado da mulher com uma criança de três anos foram encontrados objetos de luxo.
Dois túmulos eram comuns – em uma, os crânios do adulto e da criança eram alongados, o que permite pensar que isso era uma tradição familiar.
Todo o mundo faz isso
Por exemplo, nas ilhas na região da Austrália, um homem com uma cabeça alongada é considerado mais inteligente, tem o status mais alto e pode comunicar com as forças sobrenaturais.
Como dizem os moradores da ilha de Malakula, eles alongam a cabeça de seus filhos porque essa é uma tradição baseada nas crenças espirituais de seu povo. É óbvio para eles que uma criança com um crânio modificado é mais bonita e inteligente.
Entre os nativos da ilha de Bornéu (Indonésia) acredita-se que uma testa chata é um sinal de beleza. Nesse caso, a modificação começa no primeiro mês de vida da criança e é realizada usando a ferramenta tadal. É colocada uma almofada na testa, que é apertada por meio de fitas à volta da cabeça.
A mesma tradição existia na Europa. Por exemplo, na França, a prática da deformação artificial de crânio (conhecida como deformação de Toulouse) entre os camponeses existiu até o final do século XIX. Em De-Sevre, a cabeça das crianças era embrulhada por dois a quatro meses com uma faixa apertada, sendo depois substituída por uma cesta de vime e reforçada com fios de metal.
Influência de alienígenas?
A ausência de resposta à questão de onde e por que razão surgiu essa prática de deformação do crânio revelou-se bastante conveniente para os defensores da Teoria dos Astronautas antigos.
De acordo com esta teoria, que os cientistas modernos não encaram seriamente, os povos antigos contataram com representantes de civilizações cósmicas, que poderiam ser considerados como espíritos ou deuses. A forma da cabeça dos alienígenas supostamente poderia ter inspirado os governantes dos povos antigos a imitá-la, a fim de obter acesso à sua sabedoria.