Segundo o Guardian, um grupo internacional de pesquisadores criticou em seu recente estudo os planos de fazer instalações especiais para criar polvos nas águas litorâneas em diferentes partes do mundo.
Os cientistas apelam a todas as nações, empresas privadas e academias a pararem o financiamento e incentivos fiscais à criação de polvos. Em primeiro lugar, essas práticas exigem a manutenção de polvos em ambiente limitado. O cultivo matará muitos animais trancados nas jaulas por causa do estresse, afirmam em sua pesquisa os cientistas, liderados por Jennifer Jacquet, professora da Universidade da Nova York.
Ademais, esta criação exigiria o uso de uma enorme quantidade de marisco e outros peixes para os alimentar, o que ameaça não só as reservas da fauna marinha que estão diminuindo rapidamente, mas também a cadeia alimentar.
“Não podemos compreender por que no século XXI um animal tão sofisticado e complexo tem que virar fonte de comida produzida em massa”, explica Jacquet, segundo o Observer.
Foi provado que esta criatura de oitos braços constrói um abrigo de casca de coco para proteger seus filhotes. “Quando o polvo resolve um problema uma vez, ele conserva a memória a longo prazo desta solução”, notam os pesquisadores no estudo publicado em Issues in Science and Technology.
“Por que se deve gastar tanto dinheiro com um projeto que trará tantos problemas sociais e ambientais?”, apela um dos pesquisadores citado pelo Guardian. Infelizmente, o polvo é uma comida tradicional para várias culturas e 350 mil toneladas por ano são apanhados por redes para abastecer as mesas em países como Austrália, Japão, Espanha, México e Chile.
A tentativa de usar ovos fertilizados tirados de fêmeas selvagens mostrou mal resultado. No entanto, se larvas do polvo comerem a comida viva o preço de criação aumentará rapidamente. O controlo da temperatura e da salinidade para que os polvos pequenos sobrevivam também é ligado com despesas muito caras, segundo a pesquisa.
Várias companhias, incluindo a companhia japonesa especializada em marisco Nissui, incubaram com êxito ovos de polvo em granjas de cultivo e planejam lançar projetos de venda de carne de polvo pronta para comer até o ano de 2020. Empresas de marisco na Austrália e no México também anunciaram a distribuição de carne de polvos de cultivo para supermercados no próximo ano.
Jennifer Jacquet nota que na Europa e em países como o Japão, EUA e China o problema da fome não existe e a carne de polvo é uma iguaria, não é uma comida básica necessária à sobrevivência da população.
Muitos projetos de criação de polvos estão agora em desenvolvimento e a pesquisa nota que é preciso que todas as instituições – governamentais e comerciais – parem o financiamento desses projetos, porque são ecologicamente insustentáveis e antiéticos.