Depois de sofrer críticas por reciclar partes do roteiro do filme original, Jurassic World talvez tenha sido o revival que menos empolgou naquela leva de remakes de 2015 (que ainda contou com Creed e O Despertar da Força). A sequência, Reino Ameaçado, não deixa de trabalhar com clichês, mas o resultado é bem mais empolgante.
Iniciando três anos após os acontecimentos do filme anterior, o longa mostra os efeitos do abandono à ilha do parque, onde um vulcão, antes adormecido, está prestes a entrar em erupção. Com isso, grupos de apoio aos animais, um deles liderados por Claire (Bryce Dallas Howard) pressiona o governo americano para salvar os dinossauros isolados.
E é aí que entra Eli Mills (Rafe Spall, de A Grande Aposta), responsável pelo patrimônio de Benjamin Lockwood (James Cromwell, de À Espera de Um Milagre). Lockwood é um ex-sócio de John Hammond e co-idealizador do Parque dos Dinossauros (adicionado retroativamente a partir deste filme) e Mills fica encarregado de convocar Claire e Owen (Chris Pratt) para retornar à ilha e resgatar Blue, a velociraptor treinada do filme anterior.
Melhor coisa de Jurassic World, a química entre Owen e Claire segue como um dos pilares do filme, assim como todas as relações pessoais que se desenrolam ao longo da trama. Durante a chegada à ilha, vemos mais da troca de farpas e ironias que fez do casal um sucesso no primeiro filme.
Se o roteiro de Derek Connoly e Colin Trevorrow (este o diretor do último longa) esbarra em clichês, a direção de J.A. Bayona torna o filme realmente emocionante. O cineasta catalão conseguiu encaixar as referências certas em momentos oportunos e mostrou uma habilidade impressionante ao distribuir sustos e lágrimas pelos 128 minutos de projeção. Sob suas lentes, as cenas de ação de Reino Ameaçado dão inveja a vários filmes de super-heróis, especialmente a tão falada sequência debaixo d’água.
Mas, claro, nem tudo são flores. Como disse acima, o roteiro esbarra em clichês e se apontarmos para um personagem e arriscarmos “ah, ele vai ser o vilão”, é tiro e queda. Mesmo no clímax do filme, quando um dos protagonistas precisa fazer uma escolha quase impossível, é claro que a criança destemida que os acompanha, Maisie Lockwood (a ótima estreante Isabella Sermon), toma para si o fardo de apertar ou não o grande botão da destruição.
De novo, não fosse a grandeza com que Bayona lidou com a batalha final entre Blue e a nova ameaça criada in vitro pelos vilões, o terceiro ato de Reino Ameaçado poderia facilmente ser trocado pelo de seu predecessor, de 2015, que poucos notariam.
Ainda assim, é impossível dizer que o filme não vale o preço do ingresso: os efeitos especiais estão belíssimos, o peso emocional é gigante, as atuações são ótimas e a diversão é feita na medida para quem ama o universo levado por Steven Spielberg aos cinemas em 1993, sem contar a fotografia e a trilha sonora sempre impecáveis da franquia.
Dirigido por J.A. Bayona, Jurassic World – Reino Ameaçado estreia em 21 de junho. Por Nicolaos Garófalo do GeekBlast.