Acampados desde o início de maio no Largo do Paissandu, no centro da capital paulista, os desabrigados com o incêndio do Edifício Wilton Paes de Almeida impediram uma ação de limpeza da praça programada hoje (20) pela prefeitura. O prédio, que desabou no dia 1º de maio matando seis pessoas, era ocupado por 279 famílias, de acordo com número da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Segundo um dos membros do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, os acampados não quiseram desmontar as barracas porque várias eram frágeis demais para serem refeitas e outras estão armazenando alimentos e objetos pessoais.
Uma das desabrigadas, Tatiana Pereira dos Santos, disse que a prefeitura tentou demonstrar, com a proposta de higiene, uma preocupação que não tem tido na prática. “Eles falaram que é por causa das crianças, da sujeira. E o sol e a chuva, não nos deixam doentes?”, reclamou a mãe de seis filhos sobre estar exposta aos rigores do clima por tanto tempo.
A desabrigada diz que a municipalidade prometeu começar a pagar o auxílio aluguel até o próximo dia 25. Tatiana tem 37 anos e vivia há três meses na ocupação do prédio que desabou. Antes de chegar ao edifício, morava nas ruas com os filhos com idades entre 3 e 14 anos.
Prazo para prefeitura
Em audiência de conciliação realizada pela 25ª Vara Cível Federal de São Paulo na quarta-feira (13) da semana passada, o juiz determinou prazo de 15 dias para a prefeitura de São Paulo comprovar pagamento do auxílio-moradia às 279 famílias vinculadas ao edifício que desabou.
No entanto, o representante do Conselho de Direitos Humanos diz que as condições no local são insalubres e que a prefeitura ainda não ofereceu ajuda a boa parte dos desabrigados. “A prefeitura afirma que 144 famílias estão recebendo auxílio-moradia”, afirmou Ariel. Ele lembra que, entre os acampados, existem mais de 100 crianças e adolescentes e 11 mulheres grávidas.
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Governo
A prefeitura de São Paulo disse, por meio de nota, que fez toda as ações possíveis para atender e abrigar as famílias vítimas do desabamento. Entre elas, ofereceu abrigo emergencial com leitos, acesso a banho, alimentação, além de auxílio-moradia para as 221 famílias que comprovadamente estavam no edifício.
Disse também que a maioria das famílias vítimas do desabamento “não está na praça” e, inclusive, já sacou a segunda parcela do benefício. Para o atendimento habitacional, as famílias tiveram que assinar um termo em que se comprometem a utilizar o valor para aluguel e saída do local de risco. “Esta situação vale para todos, inclusive para quem permanece na praça”, diz a nota.
De acordo com a prefeitura, as famílias que estão no Largo Paissandu e não comprovaram vínculo, estão sendo orientadas sobre o atendimento da rede assistencial. Na avaliação do município, essas pessoas estão na praça “atraídas pelas doações feitas no local e pela expectativa de que sua presença no largo gere atendimento habitacional”. “O compromisso do município com atendimento habitacional definitivo é com as reais vítimas do desabamento”, apontou o governo.
A prefeitura destacou ainda que o local está em situação de “extrema insalubridade”, pois os acampados estão impedindo que equipes de limpeza façam o serviço, o que tem gerado problemas de higiene e atraído pragas como roedores.