O mercado ilegal global de petróleo, que inclui sua extração ilegal, roubo de combustível, pirataria e vendas paralelas – é estimado em US$ 133 bilhões por ano (R$ 495 bilhões).
Os cartéis de drogas e vários tipos de grupos paramilitares ilegais são os principais causadores do problema.
O mercado de petróleo é um dos mais lucrativos do mundo, atingindo um faturamento anual aproximado de US$ 500 bilhões (R$ 1,8 trilhão), o que é muito mais do que a capitalização, por exemplo, da petroleira British Petroleum, avaliada em US$ 111 bilhões (R$ 414 bilhões). A isso se junta o mercado ilegal, mais US$ 133 bilhões (R$ 496 bilhões).
O sistema de produção petrolífera ilegal é praticamente igual à estrutura da indústria oficial, tendo as mesmas etapas de produção, transporte, processamento e venda.
A produção legal é liderada pela Arábia Saudita, Estados Unidos e Rússia, enquanto as indústrias informais têm maior expressão no México, Nigéria e Iraque.
A extração ilegal é o processo que mais difere do oficial, onde a extração é feita diretamente em jazidas petrolíferas, enquanto o México, por exemplo, “extrai” o combustível de oleodutos.
O contrabando através dessa “extração”, ou seja, de desvio, permite em apenas dez minutos um lucro de US$ 100 mil (R$ 373 mil).
Não é de surpreender que a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), frequentemente denuncie novos roubos, pois os desvios nos oleodutos são “um negócio de bilhões de pesos, praticado por profissionais e amadores em todos os lugares onde os dutos da Pemex operam”. Além disso, tal operação exige especialistas altamente qualificados e equipamentos caros, por isso, os ricos cartéis de drogas mexicanos são os principais investidores dessa atividade criminal.
No total, aproximadamente 23.500 barris, estimados em mais de meio milhão de dólares, são vazados diariamente através de válvulas de drenagem instaladas ilegalmente nos oleodutos mexicanos.
No México, também são muito comuns ataques a caminhões de combustível, sendo mensalmente registrados cerca de doze roubos deste tipo no país.
A posição dominante no setor mexicano de petróleo ilegal é ocupada pelo cartel de drogas Los Zetas, organizado no final dos anos 90 por ex-militares das Forças Especiais do México. Este cartel controla cerca de 40% do mercado ilegal de combustíveis do país, faturando mais de US$ 400 milhões (R$ 1,4 trilhão) por ano.
Já o cartel de drogas Jalisco New Generation é responsável por cerca de 22% do mercado negro de petróleo, com um faturamento de mais de US$ 210 milhões (R$ 783 bilhões) por ano. No final de outubro, o governo dos EUA anunciou uma recompensa recorde de dez milhões de dólares por informações sobre o líder desse cartel, Nemesio Cervantes, apelidado de El Mencho.
El Mencho busca expandir o negócio ilegal aumentando o contrabando do ouro negro, principalmente na estratégica cidade mexicana de Tijuana, na fronteira com os EUA, onde se iniciou uma guerra entre cartéis pelo controle de seu mercado. Os americanos acreditam que a prisão de Cervantes poderia acabar ou reduzir o número de vítimas.
Enquanto isso, na África…
Como os separatistas estão ativos nas áreas de produção de petróleo da Nigéria, toda a infraestrutura da indústria — das plataformas de perfuração a oleodutos e tanques de petróleo — é regularmente atacada por grupos armados.
Os nigerianos também praticam desvios em oleodutos, mas, ao contrário dos cartéis de drogas mexicanos, eles não podem pagar a especialistas qualificados e comprar equipamentos caros. Por isso, eles geralmente acabam subornando o operador do duto. Às vezes, eles explodem o oleoduto, resultando na interrupção de seu transporte e, dessa maneira, é possível cortar a válvula de drenagem em algum lugar longe do local da explosão e “extrair” facilmente.
Além disso, os contrabandistas nigerianos se envolvem deliberadamente na pirataria, atacando petroleiros no Golfo da Guiné, mantendo a tripulação presa enquanto descarregam o petróleo para embarcações mais pequenas que fazem chegar aos países vizinhos.
Já os curdos iraquianos, sem o conhecimento de Bagdá, extraem petróleo em suas terras usando métodos tradicionais e contrabandeando-o para a Turquia, ocupando dessa forma a terceira posição do mundo em termos de volume de operações ilegais com o ouro negro.