Uma equipe de astrônomos usando o telescópio espacial Hubble, da Nasa, observou a luz da estrela mais distante já detectada pela ciência.
A estrela, chamada de Earendel, brilha a 12,9 bilhões de anos-luz da Terra e existiu quando o universo tinha apenas 7% de sua idade atual. Ela é tão massiva e brilhante que rivaliza com as maiores estrelas conhecidas. Mas como os cientistas conseguiram encontrar essa estrela tão longe e como ela se formou?
As estrelas são corpos celestes que emitem luz e calor por causa das reações nucleares que ocorrem em seus núcleos. Elas se formam a partir de grandes nuvens de gás e poeira que se contraem por causa da gravidade. Essa contração faz com que o gás se aqueça e se torne uma esfera luminosa. Esse processo pode levar milhões de anos até que a estrela atinja o seu estado maduro.
Para medir a distância das estrelas, os astrônomos usam vários métodos, dependendo da proximidade do objeto. Um dos métodos mais simples é o da paralaxe, que consiste em observar a posição de uma estrela em relação a um fundo de estrelas mais distantes em diferentes épocas do ano. Como a Terra se move em torno do Sol, a estrela parece se deslocar um pouco, formando um ângulo que permite calcular a sua distância.
No entanto, esse método só funciona para estrelas relativamente próximas, até cerca de 100 parsecs (326 anos-luz) da Terra. Para estrelas mais distantes, os astrônomos usam outros métodos, como o das cefeidas, que são estrelas que variam periodicamente o seu brilho, ou o das supernovas, que são explosões de estrelas muito brilhantes.
Mas para estrelas muito distantes, como a Earendel, esses métodos também não são suficientes, pois elas são muito fracas e pequenas para serem detectadas pelos telescópios. Por isso, os astrônomos recorrem a um fenômeno chamado de lente gravitacional, que foi previsto por Albert Einstein. Esse fenômeno ocorre quando a luz de um objeto distante é ampliada pela gravidade de um objeto mais próximo, que age como uma lupa natural.
Foi assim que os astrônomos conseguiram observar a Earendel, que foi ampliada milhares de vezes pelo aglomerado de galáxias WHL0137-08, que fica entre a estrela e a Terra. Sem essa lente gravitacional, a estrela seria invisível para o Hubble e para o futuro telescópio James Webb, que será lançado em outubro deste ano.
A descoberta da Earendel é importante para a astronomia, pois ela permite estudar uma estrela que existiu em uma época muito antiga do universo, quando as condições eram diferentes das atuais. Além disso, ela pode revelar informações sobre a formação e a evolução das estrelas, bem como sobre a origem dos elementos químicos que compõem a matéria.
A estrela Earendel foi batizada com um nome que significa “estrela da manhã” em inglês antigo, e que também aparece em obras literárias como “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien. Ela representa um novo recorde na observação astronômica, mas também um símbolo da curiosidade e da imaginação humanas.