Mais uma vez, agricultores americanos foram atingidos pela guerra comercial com a China desencadeada por Donald Trump e, devido aos direitos alfandegários retaliatórios, a exportação de soja parou de vez.
Somente neste ano, foram alocados 89,1 milhões de acres de terra para a soja nos Estados Unidos, sendo que a plantação da leguminosa corresponde a quase 60% da oferta agrícola americana à China, opina Aleksandr Lesnykh, colunista da Sputnik.
Porém, o conflito de Trump com o principal parceiro comercial do país levou Pequim a impor 25% de impostos sobre a soja dos EUA, resultando no colapso das exportações dessa cultura. Devido a isso, Pequim decidiu comprar de outros fornecedores.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, entre 2017 e 2018, os Estados Unidos controlavam 35% do mercado mundial de soja, seguidos pelo Brasil com 33%, enquanto o indicador da China foi de 4%. Além disso, o Brasil ocupava 47% do mercado chinês de soja e a Argentina, apenas 5%.
A única esperança dos agricultores americanos é que a guerra comercial seja interrompida, no entanto, as novas declarações beligerantes de Washington para Pequim, principalmente referentes às empresas europeias para que não comprem produtos Huawei, prejudicaram ainda mais o comércio entre os dois países.
O preço do armazenamento de grãos disparou para 40% em comparação com o ano passado, sendo que a maior parte dos agricultores não está conseguindo pagar com as novas taxas.
Por causa disso, a maioria dos produtores de soja está simplesmente destruindo a colheita, enterrando-a no solo ou deixando-a apodrecer no campo. Essa atitude também foi realizada por agrários americanos durante a Grande Depressão nos anos 1930.
Na época, o 32º presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, foi forçado a adotar um ato especial de assistência a agricultores, que destruíram colheitas pra criar uma falsa escassez de alimento no mercado e, desse modo, aumentar os preços.
Quanto à China, Pequim amplia com sucesso a geografia das compras de soja. Em um futuro próximo, a Rússia também se tornará um dos maiores fornecedores: o Extremo Oriente é ideal para cultivar esta cultura, e as áreas propensas ao cultivo estão muito mais próximas das terras orientais do que os EUA. Sendo que a estatal chinesa do setor alimentício Cofco planeja construir um grande elevador de grãos e um depósito para armazenamento de produtos agrícolas na Rússia.
Por Sputnik Brasil.