Cientistas da Universidade Estatal de Psicologia e Pedagogia de Moscou (UEPPM) usaram o método de encefalografia magnética para estudar como o cérebro controla a sua própria excitação, detectando na atividade cerebral humana indicadores que testemunham o nível deste controle.
Os resultados desta pesquisa são únicos, pois os dados obtidos podem ser usados para realizar diagnósticos não-invasivos desta função importante do cérebro, que pode sofrer danos com várias doenças neuro-psíquicas e epilépsia. Os resultados da pesquisa foram publicados na prestigiosa revista Nature Scientific Reports.
Encefalografia magnética é uma tecnologia inovadora que visualiza a atividade cerebral com alta resolução temporal e espacial. Ela permite registrar, sem contato, um campo magnético fraco, produzido por fontes de corrente elétrica neuronais. O método, que consiste da medição de campos magnéticos fracos gerados pela atividade síncrona de amplos grupos de neurônios, usa sensores supercondutores conhecidos pela sigla SQUID.
A encefalografia magnética permitiu à equipe da UEPPM ver como o cérebro controla a sua própria excitação. Um papel importante nesse processo é desempehado por um tipo especial de neurônios inibitórios, que equilibram a excitação crescente nas redes neuronais do cérebro e participam da geração de atividade gama de altas frequências.
Os pesquisadores apresentavam aos voluntários certos estímulos visuais e aumentavam a sua velocidade — o que aumentava, por seu turno, a intensidade do fluxo visual — registrando a atividade gama cerebral de altas frequências.
As experiências demonstraram que o aumento do fluxo excitador externo primeiro aumenta a atividade gama, mas depois de atingir um nível crítico, fá-la diminuir.
Tal dependência não-linear da força de resposta do cérebro da intensidade do fluxo externo reflete a capacidade de neurônios inibitórios de suprimir a excitação crescente na rede neuronal.
“Pesquisamos os indicadores de atividade cerebral de um amplo grupo de crianças e adultos sãos e descobrimos que, apesar de alterações significantes de frequência e de força da atividade gama com a idade, a sua supressão reltiva com altas velocidades do fluxo ficava na mesma escala durante toda a vida humana”, conta a pesquisadora-chefe do Centro de Estudos Neuro-Cognitivos Elena Orekhova.
A persistência deste indicador em pessoas sãs faz possível o seu uso para diagnóstico de controle da excitação em pessoas que sofrem de doenças neuro-psíquicas ou de epilépsia.
Na prática, este método não-invasivo e seguro poderá ser usado para realizar diagnósticos da regulação da excitação no cérebro de crianças e adultos com patologias do desenvolvimento psíquico e também para um monitoramento objetivo dos efeitos de novos remédios psíquicos.