Uma nova técnica de neuroimagem pode ajudar os médicos a escolher o melhor tratamento para crianças com perda auditiva profunda, de acordo com um estudo publicado na revista Scientific Reports.
Os pesquisadores desenvolveram um método não invasivo para mapear a via auditiva humana, que é responsável por processar os sons que chegam aos nossos ouvidos.
A perda auditiva sensorioneural (SNHL) é um tipo de perda auditiva que ocorre quando as células ciliadas da cóclea ou o nervo auditivo são danificados. A SNHL pode ser congênita, ou seja, presente desde o nascimento, ou adquirida ao longo da vida. A SNHL congênita tem aumentado em prevalência nas últimas duas décadas, afetando cerca de 1 em cada 1000 recém-nascidos.
Os tratamentos primários para a SNHL profunda são a implantação coclear e a implantação no tronco cerebral auditivo, que consistem em dispositivos eletrônicos que estimulam a cóclea ou o núcleo coclear, respectivamente. Esses tratamentos podem restaurar parcialmente a audição e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, nem todos os pacientes se beneficiam igualmente desses tratamentos, e alguns fatores podem influenciar o resultado da cirurgia.
Um desses fatores é a condição do nervo coclear e do ouvido interno, que podem apresentar malformações ou deficiências em alguns casos de SNHL congênita. Essas anomalias podem afetar negativamente o desenvolvimento da rede auditivo-linguística, que é essencial para a compreensão e produção da fala. Por isso, é importante avaliar a integridade da via auditiva central antes de decidir o tipo de implante mais adequado para cada paciente.
O estudo investigou as vias auditiva e linguística em 23 crianças com menos de seis anos, sendo 10 com audição normal e 13 com SNHL profunda. Os pesquisadores usaram técnicas de neuroimagem avançadas para segmentar, rastrear e analisar as fibras nervosas nas vias auditiva e linguística. Eles observaram uma menor densidade de fibras nervosas nas crianças com SNHL profunda, especialmente na via auditiva inferior central e na via linguística esquerda. Eles também sugerem que a via linguística é mais sensível às malformações do ouvido interno e/ou às deficiências do nervo coclear do que a via auditiva central.
Os resultados do estudo podem contribuir para o diagnóstico precoce e o planejamento cirúrgico dos pacientes com SNHL profunda. Além disso, podem auxiliar na reabilitação pós-operatória, monitorando o progresso dos pacientes e adaptando as intervenções terapêuticas às suas necessidades individuais.