O jogador português Cristiano Ronaldo negou com veemência nesta quarta-feira (3) as acusações de que teria estuprado uma ex-modelo durante as férias em Las Vegas, em 2009.
“Nego terminantemente as acusações de que sou alvo. Considero o estupro um crime abjeto, contrário a tudo aquilo que sou e em tudo que acredito”, escreveu o atacante de 33 anos em sua conta no Twitter.
“Não vou alimentar o espetáculo midiático montado por quem quer se promover às minhas custas”, continuou. “Aguardarei com tranquilidade o resultado de qualquer investigação e processo, pois nada me pesa na consciência”, concluiu o português.
I firmly deny the accusations being issued against me. Rape is an abominable crime that goes against everything that I am and believe in. Keen as I may be to clear my name, I refuse to feed the media spectacle created by people seeking to promote themselves at my expense.
— Cristiano Ronaldo (@Cristiano) October 3, 2018
Kathryn Mayorga, 34 anos e moradora de Las Vegas, acusou o jogador de tê-la violentado em 13 de junho de 2009, em um processo de 32 páginas apresentado na corte do estado de Nevada, nos Estados Unidos. “Mas no momento em que o depoimento foi dado, a vítima não forneceu aos detetives a localização do incidente ou a descrição do suspeito”, disse a polícia de Las Vegas na segunda-feira (1°).
De acordo com a queixa, a jovem se absteve de mencionar Cristiano Ronaldo pelo nome, referindo-se a “um famoso jogador de futebol”, e o processo foi interrompido.
Ela tinha medo de ser “humilhada publicamente” e submetida a “retaliação” pela estrela do futebol mundial, explica o processo civil aberto em 27 de setembro no tribunal competente de Las Vegas.
“O caso foi reaberto e nossos detetives estão repassando as informações dadas pela vítima”, disse a polícia de Las Vegas, recusando qualquer detalhe adicional sobre uma “investigação em andamento”.
Os advogados de Mayorga devem se pronunciar sobre o caso em coletiva de imprensa marcada para esta quarta-feira em Las Vegas.
Fake news
“Fake news”, disse no domingo (30) Cristiano Ronaldo, atacante do time italiano Juventus Turin, em um pequeno vídeo em inglês em sua conta no Instagram.
“A queixa e a evidência física de sua agressão sexual não são fake news”, rebateu a advogada de Mayorga, Leslie Stovall, em um comunicado. Segundo ela, Kathryn Mayorga não espera apenas “obter justiça” colocando Ronaldo diante de suas responsabilidades, mas também impedir que ele comece de novo e “encorajar todas as vítimas de agressões sexuais” a perseguir seus autores, “sejam famosos, ricos ou poderosos”.
O que relata o processo
De acordo com a acusação, Mayorga conheceu Cristiano Ronaldo no Palms Hotel em Las Vegas em 13 de junho de 2009. O jogador a teria convidado, juntamente com um amigo e outras pessoas, para sua suíte.
Lá, ele teria pedido à jovem de 24 anos, na época, que se juntasse ao grupo em uma jacuzzi. Ela não possuía roupa de banho, então ele lhe ofereceu alguns shorts e uma camiseta, levando-a ao banheiro para que ela pudesse se trocar.
Segundo Mayorga, foi enquanto ela estava se despindo que o jogador invadiu o banheiro, completamente nu, quando solicitou que a ex-modelo lhe fizesse sexo oral. Mayorga diz que se recusou e pediu para deixar o local.
Ela acusa Ronaldo de tê-la empurrado para a cama ao sair do banheiro, para tentar concluir o ato sexual com ela. Depois da agressão, Ronaldo teria deixado ela ir embora, “alegando se arrepender e que ele normalmente se comportava como um cavalheiro”.
Depois desta noite, uma “intermediação privada” foi organizada entre representantes de Ronaldo de um lado, e a ex-modelo, “emocionalmente desequilibrada”, e seu advogado do outro. Após discussões, uma transação financeira foi concluída, concedendo um pagamento de US $ 375 mil em troca de absoluta confidencialidade sobre os fatos alegados, bem como o abandono de qualquer procedimento.
No entanto, para os advogados de Kathryn Mayorga o acordo é nulo e sem efeito, especialmente por causa do estado psicológico de sua cliente na época e da pressão exercida contra ela. “Abuso de fraqueza em pessoa vulnerável” que, de acordo com a denúncia, visava interromper a investigação e “remover o futebolista de possíveis processos judiciais”, alega a acusação.
Uma equipe de “especialistas em proteção de reputação”, contratada por Cristiano Ronaldo, teria ameaçado divulgar informações de que a jovem havia tido relações sexuais conscientemente com o jogador de futebol para chantageá-lo.