O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (EUA) apresentou nessa quinta-feira (23) 17 novas acusações contra Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que se for condenado pode passar décadas na prisão. Ele já enfrenta um pedido de extradição do Reino Unido.
Assange é acusado de violar a Lei de Espionagem americana e de colocar os EUA seriamente em risco ao publicar, em seu portal na internet, milhares de documentos secretos e sigilosos, incluindo os nomes de fontes confidenciais das Forças Armadas americanas.
A Justiça dos EUA também o acusa de conspirar e ajudar a ex-analista da inteligência militar americana Chelsea Manning a obter acesso a material confidencial em 2010.
Assim, as acusações rejeitam a alegação de que ele seria apenas a pessoa que publicou material recebido de Manning, uma conduta que é protegida pela Primeira Emenda da Constituição americana como liberdade de imprensa.
As ações afirmam que Assange conspirou ativamente com Manning para roubar centenas de milhares de arquivos confidenciais, “com razão para acreditar que a informação seria usada para prejudicar os Estados Unidos ou beneficiar uma nação estrangeira”.
As acusações também dizem que o australiano ignorou o pedido do Departamento de Estado americano em 2010, para que não fossem publicados os nomes de suas fontes confidenciais, bem como de fontes das Forças Armadas americanas no Afeganistão, Irã, Iraque, na Síria e China. Essas fontes incluiriam jornalistas, líderes religiosos, defensores de direitos humanos e dissidentes políticos.
“As ações de Assange arriscaram sérios danos à segurança nacional dos Estados Unidos, em benefício de nossos adversários, e colocaram fontes humanas em graves e iminentes riscos de sérios danos físicos e/ou detenções arbitrárias”, afirmou o departamento.
As novas acusações vêm cerca de um mês depois de o Departamento de Justiça ter apresentado uma primeira denúncia mais branda contra o australiano, logo após sua prisão na embaixada do Equador em Londres, em abril.
Assange enfrenta agora um total de 18 acusações criminais. Ele pode vir a passar muitos anos na prisão caso seja extraditado do Reino Unido e condenado nos Estados Unidos.
A decisão de acusar o australiano de crimes de espionagem não é tão comum nos EUA, onde a maioria dos casos envolvendo roubo de informações sigilosas tem como alvo funcionários do governo, como Manning, e não pessoas que publicaram as informações.
Com destaque para esse argumento, defensores de Assange, bem como o WikiLeaks e entidades da imprensa, rechaçaram as acusações nessa quinta-feira.
Assange, de 47 anos, foi preso em 11 de abril pela polícia britânica, depois que o Equador revogou seu asilo de sete anos na embaixada do país em Londres.
Ele agora cumpre uma sentença de 50 semanas de prisão por ter violado as condições de sua liberdade condicional quando se refugiou, em 2012, na embaixada equatoriana para evitar uma extradição. Assim que for libertado, deve enfrentar um processo de extradição para os EUA.