A análise de resíduos gordurosos em cerâmicas encontradas na costa Dálmata, na Croácia, revelou evidências de produção de queijos e produtos lácteos fermentados como iogurtes, cerca de 7.200 anos atrás.
“Isso coloca o início da produção de queijos a 4.000 anos antes do que imaginávamos”, disse Sarah B. McClure, professora de antropologia do projeto.
A presença de leite em cerâmicas nesta área, aponta que a produção de leite começou há 7.700 anos, 500 anos antes dos produtos fermentados, disseram os pesquisadores.
Além disso, as análises de DNA das populações nessa área indicam que os adultos eram intolerantes à lactose, mas as crianças permaneciam aptas a consumir leite confortavelmente até os dez anos de idade.
“A ordenha provavelmente era voltada para as crianças porque é uma boa fonte de hidratação e é relativamente livre de patógenos”, disse McClure. “Não seria uma surpresa se as pessoas dessem leite de outro mamífero às crianças da região”.
No entanto, cerca de 500 anos depois, os pesquisadores vêem uma mudança não apenas do leite puro para produtos fermentados, mas também no estilo e na forma dos vasos de cerâmica.
“A produção de queijo é importante o suficiente para que as pessoas façam novos tipos de utensílios de cozinha”, disse McClure. “Essa mudança cultural é visível”, completou.
500 anos depois deste período, existia outro estilo de cerâmica, com outra tecnologia diferente que inclui pratos e tigelas.
E o mais incrível, todas as cerâmicas encontradas continham resíduos de leite. As outras continham gorduras animais e resíduos de peixe de água doce.
Os pesquisadores descobriram ainda que três dos quatro tipos de cerâmicas tinham evidências de queijo.
Outros tipos de utensílios encontrados são peneiras, que frequentemente são utilizadas na fabricação de queijos para coar o leite. Três das quatro peneiras da amostra tinham evidências de processamento secundário de leite em queijo, ou outros produtos lácteos fermentados.
“Esta é a mais antiga evidência de resíduos lipídicos documentados para laticínios fermentados na região do Mediterrâneo, e entre os mais antigos documentados em qualquer lugar até hoje”, relatam os pesquisadores ao PLOS One.
De acordo com o estudo, os laticínios – e especialmente o queijo e produtos lácteos fermentados – podem ter aberto áreas no norte da Europa para agricultura, reduzindo a mortalidade infantil e permitindo um desmame precoce, diminuindo o intervalo entre nascimentos e potencialmente aumentando a população.