A Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) se reunirá domingo (23), em Roma, para eleger o diretor-geral que vai comandar a instituição nos próximos 4 anos. Desde 2012, o cargo é ocupado pelo brasileiro José Graziano da Silva, eleito para dois mandatos (2012 a 2015 e 2015 a 2019). Vence o candidato que obtiver 50% mais um voto em qualquer turno
Estão na disputa três candidatos: Qu Dongyu, vice-ministro da Agricultura da China desde 2015; Catherine Geslain-Lanéelle, ex-diretora do Departamento de Desempenho Econômico e Ambiental de Empreendimentos do Ministério da Agricultura da França; e David Kirvalidze, que foi ministro da Agricultura da Geórgia por dois mandatos.
Qu Dongyu tem o apoio dos governos do Brasil, Argentina e Uruguai. Defende que as políticas da FAO estejam alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, em particular com a erradicação da fome e da pobreza, com o aumento sustentável da produção agrícola e alimentar e com a promoção de um sistema de comércio internacional agrícola livre de distorções e restrições indevidas sem uma base científica adequada.
Teresa Cristina
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que está em Roma, onde irá participará da conferência, reuniu-se ontem (21) com o ministro da Agricultura e Assuntos Rurais da China, Han Changfu. A ministra reafirmou o apoio ao candidato chinês Qu Dongyu, que é vice-ministro da Agricultura, e se comprometeu a trabalhar para convencer outros países e indecisos.
“Só se ganha uma eleição quando se conta o último voto. Vamos trabalhar juntos”, disse a ministra, ao se referir à forte concorrência entre os candidatos.
Apoio
O ministro Han Changfu pediu conselhos e o apoio brasileiro, principalmente para conquistar os votos da América Latina e do G7 (grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). Han Changfu destacou que o Brasil tem grande experiência em eleições internacionais, citando as duas vitórias de José Graziano da Silva (2012 a 2015 e 2015 a 2019), cujo segundo mandato se encerra em julho.
“Vamos nos dar as mãos e promover nosso candidato juntos. Vou pedir ao meu embaixador na FAO que converse e trabalhe junto com o embaixador do Brasil”, afirmou o ministro chinês.
Cooperação
Tereza Cristina reforçou que a eleição na FAO aumenta a cooperação entre os dois países. Segundo a ministra, Brasil e China têm muitos assuntos para definir dentro da pauta agrícola, mas que o momento atual é focar no sucesso “do nosso candidato“ na FAO.
Em maio, a ministra liderou missão à China quando debateu a habilitação de mais frigoríficos brasileiros para exportação de carnes ao mercado chinês.
Parceria estratégica
Para Han Changfu, o Brasil é um parceiro estratégico. Ele convidou a ministra a voltar a China para elevar os negócios no setor.
Integram a comitiva o secretário de Comércio e Relações Internacionais, embaixador Orlando Leite Ribeiro; o embaixador do Brasil junto à FAO, Fernando Abreu; e o assessor especial, Francisco Basílio.
Outros candidatos
A candidata francesa Catherine Geslain-Lanéelle foi escolhida pelos países da União Europeia. Para ela, a FAO deve ser usada como instrumento para erradicação da fome e pobreza mundial em integração com outras organizações, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).
David Kirvalidze, da Geórgia, tem o apoio dos Estados Unidos. Já desenvolveu pesquisas nas áreas de proteção ambiental, ecologia e agronegócio. Defendeu o setor produtivo quando integrou o Parlamento de seu país.
Desde 1945, a FAO já teve oito diretores-gerais.
Edição: José Romildo