Começou hoje (16), no Rio de Janeiro, o Festival Mulheres do Mundo (WOW, da sigla em inglês para Women of the Word). Até domingo (18), serão cerca de 150 atividades gratuitas que ocuparão o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR), o Armazém 1 e a Praça Mauá, na região portuária da cidade. Serão debates, rodas de conversa, exposições, performances, oficinas, troca de experiência, shows e apresentações artísticas, além de uma grande feira de produtos, serviços e ideias produzidos por mulheres.
O festival surgiu em 2010, no Southbank Centre, em Londres, e já passou por mais de 20 países. Esta é a primeira edição no Brasil. Este ano versões do WOW foram realizadas em outros 53 países. A ideia é ser um espaço onde as mulheres celebrem suas histórias de luta e conquistas, além de estabelecer laços para refletirem e se fortalecerem, renovando as energias para avançar nas conquistas femininas.
Na mesa de abertura do evento, a idealizadora do festival, Jude Kelly, destacou que o objetivo é colocar as mulheres do mundo todo para conversarem entre si e, dessa forma, buscarem caminhos para tornarem suas vidas e a sociedade a sua volta melhores, com mais igualdade entre homens e mulheres.
“Isso não é sobre as mulheres, é sobre uma mudança do mundo, claro que para as mulheres, mas para todos também. Ao redor do mundo todo estão ocorrendo essas conversas sobre igualdade de gênero, por diferentes razões, cada país tem uma visão. Em alguns se fala sobre empoderamento, não necessariamente sobre igualdade. O WOW sempre promove essa interseção entre temas de gênero, raça, social, integrando as mulheres. Mulheres no mundo devem conversar entre elas e dar apoio umas pras outra”.
Jude ressaltou que não se trata apenas de questões relativas às mulheres, mas sim de promover uma mudança cultural e de atitudes no mundo como um todo. “Isso, portanto, envolve também os homens no processo”, disse.
Desigualdade
No Rio de Janeiro, o evento é conduzido pela organização não governamental Redes da Maré. A diretora da ONG e curadora do festival no Rio de Janeiro, Eliana Sousa e Silva, disse que a desigualdade atinge as diferentes mulheres de formas diversas. A intenção do festival é reunir todos esses debates.
“Existe uma desigualdade de gênero para todo mundo, mas existem camadas diferenciadas de como essa desigualdade se expressa, porque é uma para mulher branca e outra para mulher preta. Existem questões específicas dessas lutas e me causou muito impacto ter um lugar onde a gente possa conversar sobre todas essas camadas, para ter um olhar mais ampliado sobre as demandas das mulheres, não trabalhar só um aspecto”.
Eliana disse que os temas serão tratados de forma profunda e integrada de todas as camadas do ser mulher, sem tabu nem preconceito, lidando com as questões de maneira aberta e livre, para ir além. “São questões complexas e vamos pensar, não só denunciar essas desigualdades, trazer à tona, mas pensar estratégias e os detalhes sobre cada especificidade.”
Eliana e Jude destacaram que o objetivo maior é formar redes de colaboração para que as mulheres continuem se apoiando em iniciativas individuais e coletivas, sendo o festival um impulsionador para iniciar novas relações entre as pessoas interessadas em temas comuns. Nas conversas preparatórias, já foram mapeadas no Rio de Janeiro cerca de 300 iniciativas lideradas por mulheres.
O Festival Mulheres do Mundo é organizado em quatro eixos temáticos: Mulheres em diálogos, com rodas de conversas e trocas de experiências; Mulheres das Artes e Culturas, com dezenas de apresentações culturais e artísticas; Mulheres empreendedoras, com o espaço Mercado Delas; e Mulheres Ativistas, que desenvolvem campanhas e atividades na sociedade civil.
Participantes
A estimativa da organização é de receber 30 mil pessoas nos três dias de evento. Estão confirmadas mais de 200 participantes nacionais e internacionais, entre elas as filósofas Djamila Ribeiro e Sueli Carneiro, a poeta Elisa Lucinda, as escritoras Jarid Arraes e Conceição Evaristo, as grafiteiras da Rede Nami, a líder indígena Sônia Guajajara, as deputadas eleitas Talíria Petrone e Benedita da Silva, a socióloga Julita Lembruger e as cantoras Valesca Popozuda, Tati Quebra-Barraco e Tia Surica.
Toda a programação é gratuita, mediante inscrição prévia on-line ou retirada de ingressos. A programação completa pode ser consultada no site www.festivalmulheresdomundo.com.br.
Nos grandes shows musicais, a atração principal de hoje é a cantora Elza Soares, que apresentará seu novo trabalho, Deus é mulher. Amanhã (17), o encerramento das atividades do dia será com Karol Conka e seu disco Ambulante. E fechando o festival no domingo (18), a atração é o carimbo de Dona Onete, paraense que gravou o primeiro disco em 2012, aos 73 anos de idade. Os shows começam às 19h na Praça Mauá, com acesso livre.
Por Agência Brasil.