Vanderlei Salvador Bagnato, pós-doutorado em física, recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto na categoria Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, na última quarta-feira (15), na Escola Naval, no Rio de Janeiro. O prêmio concedido em parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a Fundação Conrado Wessel e a Marinha do Brasil é considerado o maior do país em ciência e tecnologia. O pesquisador ainda recebe da Fundação a quantia de R$ 200 mil.
Bagnato relacionou a conquista do prêmio aos financiamentos que obteve, ao longo de sua carreira, para os projetos desenvolvidos na área de física atômica. A premiação é feita anualmente, desde 1981, ao pesquisador que se destaca pela realização de obra científica ou tecnológica de reconhecido valor para o progresso da sua área. O físico paulista destacou que faz ciência básica com o objetivo de avançar o conhecimento na área de física atômica e na aplicação dos seus conhecimentos em projetos de relevância social.
“Sou um cientista que só tenho que a agradecer à sociedade brasileira. Eu sou um daqueles cientistas que se não fiz mais, não foi porque a sociedade não investiu. Sempre fui um cientista muito bem financiado pela sociedade, então, me sinto honrado e com responsabilidade ainda maior de continuar o trabalho para que a gente possa atender a essa sociedade que tanto precisa em todos os seus níveis”, apontou em entrevista à Agência Brasil.
Atualmente o professor, que é diretor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), tem um grupo de pesquisas com mais de 120 pessoas, entre elas, 25 pós-doutores e alunos de doutorado e mestrado. “Nós realizamos aplicações da física atômica e da ótica para o tratamento de câncer de um modo geral, diagnóstico, preservação de meio ambiente, transplante de órgãos, estamos envolvidos um pouco em nanotecnologia, então, o prêmio de alguma maneira dá um indicativo de que o que estamos fazendo hoje é a linha que talvez o Brasil queira”, disse.
Segundo Bagnato, as suas pesquisas já foram empregadas na criação de 40 empresas que, a partir da ciência básica, contribuem para dezenas de produtos no Brasil e fora do país. Para ele, a entrega do prêmio é um grande valorização desse trabalho. Apesar de reconhecer a existência de outras pessoas no Brasil com condições de receber a honraria, o pesquisador lembrou que ele e o presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), Luiz Davidovich, são os dois brasileiros membros da Academia Americana de Ciência, o que representa uma honra muito grande, mas não se compara a receber um reconhecimento da sociedade brasileira.
Destaque
Na visão do professor, o prêmio dá tanta visibilidade que integrantes da Academia Pontifícia de Ciência do Vaticano, da qual também faz parte, já estavam informados de que ele seria agraciado e o assunto foi comentado na recente viagem que fez ao local. “Eles já sabem que estão premiando a ciência brasileira na sua forma mais elegante possível. Sim, acaba tendo uma repercussão boa e acaba ajudando. Premiar a ciência nós nunca erramos, não é? Então, não há dúvida de que um momento desse de conjugação das Forças Armadas, a Marinha, com a Ciência é o que todos nós queremos. Esse é o modelo que a gente quer para a ciência brasileira, a conjugação, a ação sistêmica para o bem-estar de todos”, afirmou.
Incentivo aos alunos
O professor confessou que vai destinar parte do dinheiro aos seus atuais alunos. “Os que já se graduaram, graças a Deus, estão muito bem colocados, mas tenho hoje 54 alunos de pós-graduação, somos cinco professores no grupo, na área da física e ótica aplicada à saúde”, completou.
Bagnato acrescentou que entre os seus projetos, estpa desenvolvendo um com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro. “Temos uma base de tratamento de câncer, que agora vai ser, se tudo der certo, adotada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com tratamento mais rápido, barato e mais seguro para a população. Não tem dúvida que é uma situação que só valoriza, levanta e só nos incentiva a ir adiante”, comentou.
História
O professor se formou em 1981, simultaneamente, em Física pela USP e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Em 1987 se tornou doutor em física pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e pós-doutor pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Em 1990, obteve a livre-docência pela USP.
No ano passado foi agraciado com o título de Pesquisador Emérito do CNPq e em 2015 recebeu o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia. Além disso conquistou, em 2007, o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, concedido pela Presidência da República.
Edição: Liliane Farias