Soriano sugeriu que as empresas de telecomunicações podem escolher outros fornecedores se a Huawei estiver enfrentando problemas. Mesmo assim, ele não descartou o uso de equipamentos da gigante chinesa, apesar dos EUA ameaçarem “reavaliar” a política de compartilhamento de inteligência com os aliados europeus que usam as tecnologias da empresa em suas redes 5G.
Os EUA proibiram a Huawei e outras 70 subsidiárias chinesas de obterem tecnologia desenvolvida em solo americano, levando o Google, Intel e a Qualcomm a suspenderem cooperação e transferência de tecnologia à empresa. A gigante das telecomunicações chinesa, porém, já tinha um Plano B há um ano e seria capaz de sobreviver ao golpe.
França VS EUA?
Essa não é a primeira vez que a França desafia os EUA. A declaração do chefe da ARCEP ocorre em um momento no qual Paris se mostra contra o desejo da UE em manter negociações comerciais com os EUA, a fim de evitar a imposição de pesadas tarifas por Washington. O presidente francês, Emmanuel Macron, insiste que a UE não pode negociar com um país que se retirou do Acordo de Paris, que visa combater as mudanças climáticas.
A professora Stephanie Hoffer, estudiosa da Fulbright, economista e especialista em impostos, acredita que Macron está tentando restaurar sua imagem pública como um defensor de políticas ambientais sustentáveis.
“A França, como uma grande participante na UE, […] pretende tomar posição e sinalizar insatisfação com a postura do líder americano, sem comprometer as negociações”, disse ela.
A estudiosa acredita que a França não será capaz de atrapalhar as negociações, mas sua posição de destaque dentro do bloco pode afetar o andamento das tratativas.
Hoffer está convencida de que os países com interesses econômicos no acordo comercial UE-EUA, como a Alemanha, terão vozes decisivas nas negociações, mas ainda terão que levar em consideração a posição de Paris e “barganhar internamente pelas concessões francesas”.