Uma mulher que se candidata a uma vaga considerada masculina, como mecânico, por exemplo, tem 22% menos chance de avançar no processo seletivo – mesmo tendo a mesma qualificação. Essa é uma das conclusões de um relatório divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Observatório das Discriminações, da universidade Sorbonne.
O estudo foi realizado com 451 empregadores da região para cargos como motorista-entregador, mecânico ou jardineiro – áreas nas quais existe uma forte demanda. Os pesquisadores enviaram o currículo de homens e mulheres. Em alguns casos, a diferença chega a 35%. “São números impressionantes! E é só o começo. Não testamos o que acontece durante a entrevista de emprego”, disse Anne-Cécille Mailfert, presidente da Fundação das Mulheres.
“Para lutar contra a desigualdade, recomendamos às mulheres que briguem por um melhor salário, trabalhem em tempo integral, e para tentar novas carreiras”, lembra a militante feminista. “Existem verdadeiros obstáculos à entrada delas em universos profissionais mais masculinos”, diz.
“Machismo do bem”
Questionada sobre a possibilidade de criar um CV “anônimo” para diminuir a discriminação apontada pelo estudo, a secretária de Estado para a igualdade de gênero do governo Macron, Marlène Schiappa, disse que não era favorável à medida. “Quando recrutamos alguém, temos o direito de saber quem é essa pessoa”, declarou à rádio francesa Europe 1.
Segundo a representante da Fundação das Mulheres, essa atitude pode ser explicada pelo “machismo do bem”: os empregadores evitam contratar mulheres para protegê-las de trabalhos fisicamente mais difíceis, o que é um estereótipo, ou dos comentários misóginos dos próprios colegas.