De acordo com a AFP, os dois governantes reservaram apenas discursos bonitos um ao outro durante uma reunião bilateral à margem da cúpula do G20 em Osaka. Esta foi a segunda vez em que os dois se encontraram, após a visita de Bolsonaro em março à Casa Branca. “Ele é um homem especial, está muito bem, muito amado pelo povo brasileiro”, declarou Trump.
Por sua vez, Bolsonaro disse ser “um grande admirador [de Trump] há muito tempo, inclusive antes de sua eleição”. “Eu apoio Trump, apoio os Estados Unidos, e apoio sua reeleição”, completou o presidente brasileiro.
Jair Bolsonaro é um raro aliado para o presidente americano numa cúpula do G20 que promete ser uma das mais conturbadas em vários anos, com disputas sobre comércio, aquecimento global e tensões no Oriente Médio na agenda. Como Trump, Bolsonaro é considerado um cético quanto às mudanças climáticas. O brasileiro também segue o modelo do presidente americano de uso intenso das redes sociais.
Na reunião com o Presidente @realDonaldTrump, retomamos assuntos tratados na visita a Washington e introduzimos a idéia de um acordo de livre comércio para fortalecer ainda mais nossa parceria econômica. Trabalhando juntos, Brasil e EUA podem ter impacto muito positivo no mundo. pic.twitter.com/lJoeKXrqTv
Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 28 juin 2019
Rússia, China e Irã
Donald Trump também fez piada nesta sexta-feira sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições americanas de 2016 e pediu ao líder russo Vladimir Putin, com quem se reuniu em Osaka, que não interfira no processo eleitoral de 2020. “Não se intrometa, presidente”, disse Trump, com um grande sorriso.
Putin não respondeu à alusão, mas sorriu após o comentário de Trump. A reunião foi o primeiro encontro entre os dois líderes desde julho do ano passado em Helsinque, na Finlândia.
Em relação a seu encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, à margem do G20, Trump afirmou esperar uma “reunião produtiva” no sábado (29). “Será um dia muito emocionante”, disse. Os dois líderes devem discutir sobre maneiras de frear a escalada comercial e tecnológica entre os dois países.
Trump indicou, no entanto, que não prometeu nenhuma suspensão das tarifas de importação sobre os produtos chineses. Mais cedo, o governo chinês advertiu que o protecionismo e as “técnicas de assédio” ameaçam a ordem mundial.
“Todos os líderes na reunião ressaltaram que o unilateralismo e o protecionismo estão aumentando e representam uma grave ameaça para a globalização econômica e a ordem internacional”, disse um porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Dai Bing, em referência a um encontro entre o presidente da China e chefes de Estado de países africanos: Cyril Ramaphosa, da África do Sul, Abdel Fatah al Sisi, do Egito, e Macky Sal, do Senegal.
Antes de chegar a Osaka, Trump declarou ao canal Fox Business que “a economia chinesa está em queda e eles querem um acordo”. Além disso, Trump não hesitou em chamar de “inaceitáveis” as tarifas da Índia aos produtos americanos.
Sobre a crise no Irã, Trump declarou que “não tem pressa” para resolver as tensões, apesar do espectro de um conflito militar. “Temos muito tempo. (…) Não há qualquer pressão em relação ao tempo. Esperamos que no final isto funcione. Se funcionar, bem, se não, vamos ouvir falar disto”.